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Depois de mais de duas décadas de pesquisa, o pequi, elemento tradicional da culinária goiana, chegou a um novo nível de desenvolvimento, em Goiás. A partir de novembro deste ano, agricultores e viveiristas terão acesso a uma variedade do fruto sem os famosos e temidos espinhos em seu interior.

São comuns ocorrências de acidentes, em especial quando a pessoa desconhece o risco ao comer a iguaria, que está presente, por exemplo, em algumas versões da galinhada goiana. O correto é apenas roer a polpa e evitar que os espinhos apareçam.

Estudo feito por pesquisadores da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), conseguiu clonar e reproduzir versões da planta que dão origem a um pequi mais carnudo e sem espinhos.

Com o registro obtido junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em abril deste ano, as mudas poderão, enfim, ser disponibilizadas para quem tiver interesse em cultivar. Ao todo, 5 mil pequizeiros estão sendo preparados para distribuição.

As plantas, desenvolvidas a partir da pesquisa feita por Elainy Botelho, Ailton Pereira e Sidney Cunha Andere, nas Estações Experimentais da Emater, em Goiânia e Anápolis, vão contemplar seis variedades diferentes.

Três delas são de pequi sem espinho e outras três são de versões do fruto com espinho, mas visando atender demandas específicas, como a do comércio, que requer mais o chamado pequi de mesa, que possui caroços menores, e o da indústria, com caroços maiores e polpa mais carnuda para facilitar a extração.

Distribuição
Em primeiro momento, a Emater pretende distribuir 1,2 mil mudas para viveiristas, para que eles estruturem os chamados jardins clonais e sigam contribuindo com o aumento e reprodução das novas variedades, e outras 1,2 mil para agricultores familiares.

As versões serão vendidas em lotes, com presença das seis variedades desenvolvidas pela pesquisa. Cada muda será comercializada pelo valor de R$ 30. Os agricultores poderão comprar até dois lotes e os viveiristas até 10.

“Vamos fornecer mudas enxertadas aos viveiristas que estejam credenciados no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem). Eles vão multiplicar esse material para atender à demanda dos produtores”, destaca Ailton Pereira.

As mudas restantes serão destinadas à reposição da Emater, em Goiânia e Anápolis, além de duas extensões que serão criadas em Porangatu, no norte do estado, e na Embrapa Cerrados.

Pesquisa
O estudo foi iniciado a partir da demanda apresentada por produtores, comerciantes e, também, pela sociedade por versões do fruto com polpa mais carnuda e saborosa. As técnicas de clonagem, estaquia e enxertia foram aplicadas, primeiro, visando esse objetivo.

Ao visitar propriedades rurais que cultivam pequizeiros, no entanto, os pesquisadores tiveram acesso ao pequi sem espinhos, produzido e encontrado na natureza, mas em menor quantidade. Foi a partir disso que eles decidiram aplicar a técnica de clonagem também nessa variedade do fruto.

“Fizemos 20 clones desse pequizeiro sem espinhos. Plantamos mudas no nosso banco de germoplasma e avaliamos durantes todos esses anos [25 anos de pesquisa]”, conta Elainy Botelho.

O registro obtido junto ao Ministério da Agricultura é um atestado de origem e qualidade das mudas desenvolvidas na Estação Experimental da Emater. Com a venda das plantas, serão entregues, ainda, instruções sobre a forma correta de manejo do material.

“Buscamos nos cercar de meios seguros para garantir a distribuição de um material de excelente qualidade e que alcance de forma democrática os produtores goianos de todas as regiões do Estado e, consequentemente, os consumidores finais”, expressa o presidente da Emater, Pedro Leonardo Rezende.

Fonte: Metrópole

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