afonso

Ao longo do tempo aumenta o caso de enchentes em pequenas e grandes cidades. Quanto mais crescimento urbano, mais enchentes ocorrem. Uma característica do noticiário em períodos de verão são relatos perplexos sobre a dimensão de alagamentos e os danos “causados” pelas chuvas. Não é difícil encontrar notícias ligando erroneamente os problemas de enchentes com as “mudanças climáticas”.

Poucas notícias relacionam, efetivamente, os problemas com a falta de sensibilidade técnica na ocupação de áreas para urbanização. Os muitos que incentivam e planejam a ocupação do território municipal adotam o urbanismo primitivo, transformando qualquer área em quarteirões (quadrados grandes); quarteirões em terrenos; terrenos em construções.

A impermeabilização do solo causada por construções, associada a uma malha de drenagem com base na estrutura viária, promove uma mudança radical na hidrologia natural, aumentando o fluxo e a quantidade de água que chega na calha dos córregos e rios.

A falta de sensibilidade técnica para a qualificação hidrológica cega os planejadores e ocupantes de áreas urbanas. A falta de “compaixão ambiental” do mercado imobiliário e da construção civil asseguram um inferno aos que ignoram o risco, se alojando em áreas de futuras enchentes.

Não se vê inovação e criatividade nos loteamentos nem nas suas construtoras.  Os planos diretores asseguram os direitos de uma minoria econômica, condenando a comunidade à gestão do caos ambiental. Não é chuva que causa enchente, é a estupidez. A enchente é uma resultante sinérgica de erros humanos.

Na prática podemos elencar alguns pontos que causam enchentes na cidade:

1 – Urbanismo primitivo.

2 – Desconhecimento de planejamento hidrológico.

3 – Impermeabilização sem critérios.

4 – Ocupação em áreas de nascentes.

5 – Linearização de corpos de corpos d’água.

6 – Canalização inadequada.

7 – Retirada de vegetação ciliar.

8 – Ocupação de áreas ciliares.

9 – Erosão e poluição urbana.

10 – Assoreamento de calha.

AFONSO PECHE FILHO
Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas – IAC
Compartilhar: