mandioca

O estado de São Paulo é referência no Brasil e no mundo no desenvolvimento de pesquisas cientificas com mandioca. As cultivares desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA) são responsáveis por agregar renda aos agricultores e a enriquecer com nutrientes esse ingrediente, eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o alimento mais importante do século XXI.

Segundo a ONU, a mandioca, macaxeira ou aipim está presente na alimentação de mais de 700 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento e é a terceira maior fonte de carboidrato entre os alimentos, perdendo apenas para o arroz e o milho.

Alimentação
No Brasil, a mandioca tem um papel importante para alimentação da população, principalmente a partir de trabalho de pesquisa realizado pelo IAC, que permitiu aumentar em 20 vezes a quantidade de vitamina A a partir de desenvolvimento da cultivar IAC 576-70, conhecida como “Amarelinha”, em relação aos materiais de mandioca branca. A IAC Amarelinha possui 220 Unidades Internacionais (UI) de vitamina A diante de 10 UI presente nas variedades de polpa branca.

Esse valor, no entanto, é bem superior nas novas cultivares prontas para registro no RNC-MAPA, como é o caso da IAC 6-0,1 que tem em suas raízes teor de beta-caroteno equivale à 800 UI de vitamina A.

Além do alto índice de nutrientes, o desempenho agrícola da IAC Amarelinha é tão superior comparado aos demais que, atualmente, responde por grande parte das mandiocas de mesa comercializadas em São Paulo. A qualidade a faz chegar aos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Distrito Federal.

“A IAC 576-70 contribui fortemente para a segurança alimentar nas áreas periféricas das regiões urbanas, pois produz o dobro das cultivares antigas cultivadas em pequenas hortas pela população de baixa renda na periferia das cidades. Atualmente, o material do IAC é cultivado em todas as regiões de São Paulo”, afirma a pesquisadora do IAC, Teresa Losada Valle. Os materiais mais antigos produzem cerca de 15 toneladas por hectare, enquanto a Amarelinha produz 30.

Produção
De acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), os números finais para a mandioca para mesa indicam uma leve redução da área cultivada (-2,8%), que passou de 21,7 mil hectares para 21,1 mil hectares. A produção foi 5,6% maior, chegando a 280,8 mil toneladas, enquanto a produtividade ficou em torno de 16,9 t/ha, 6,7% maior que a registrada na safra passada.

A regional de Mogi Mirim respondeu por aproximadamente 24% da produção paulista, seguida pelas regiões de Jaboticabal (6,1%) e Sorocaba (6,1%).

O IAC já desenvolveu mais de 20 variedades de mandioca. Além de cultivar de mesa, como a Amarelinha, o Instituto Agronômico possui cultivares específicas para o uso industrial e bastante apreciadas pela indústria para produção de farinha de mandioca, fécula e polvilho. Os materiais são cultivados em São Paulo e também em outros estados brasileiros. Entre eles, destacam-se a IAC 12, IAC 14 e IAC 90.

A IAC 12, por exemplo, é a cultivar que sustenta boa parte da produção industrial no Cerrado brasileiro, por seu perfil agronômico composto por resistência à bacteriose, tolerância ao complexo de pragas, alta produtividade e teor de matéria seca.

Indústria
Materiais de mandioca para indústria são avaliados por pesquisadores do IAC em produtores paulistas e nas unidades regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), como é o caso das ações em conjunto com os Polos Regionais de Monte Alegre do Sul, Pindamonhangaba, Mococa, Presidente Prudente, Adamantina, Andradina, Gália, Pindorama e Assis.

A região do Médio Paranapanema, onde fica localizada a unidade de Assis, se destaca como o principal produtor de mandioca para a indústria do Estado de São Paulo, com produção que chega a 252 mil toneladas, representando 24% da produção paulista, no entanto nos últimos anos verifica-se deslocamento do cultivo rumo ao Pontal do Paranapanema.

As instituições vinculadas à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo desenvolvem pesquisas para identificar as melhores cultivares adaptadas para a região, avaliando em diferentes tipos de solo e os melhores ambientes de produção. “A escolha adequada da cultivar de mandioca pode aumentar em 20% a produtividade da propriedade”, afirma Sérgio Doná, pesquisador da APTA.

Versatilidade
Os indígenas já cultivavam e consumiam a raiz muito antes da chegada dos portugueses. De fácil cultivo e com bom rendimento agrícola, é encontrada em todo território nacional, colocando o Brasil como o maior produtor mundial de mandioca. Em outros estados, é conhecida como aipim, macaxeira, guaxupé, morandi e outros nomes. É bastante versátil e vários produtos e subprodutos podem ser utilizados tanto na alimentação humana, quanto animal.

É utilizada já cozida ou ainda crua em diversas preparações culinárias, também é muito usada na forma de farinha, inclusive pode substituir o trigo em alguns preparos, bem como seus outros produtos derivados, os polvilhos, doce e azedo. Os polvilhos são mais conhecidos por serem empregados no famoso pão-de-queijo, mas também trazem ótimos resultados no preparo de bolos, tortas e biscoitos. Além da alimentação, a mandioca, seus produtos e subprodutos são utilizados nas indústrias têxtil, farmacêutica e de papel.

Existem dois grandes grupos de variedade de mandioca: de mesa (mansa ou doce) e a industrial (brava ou amarga). As variedades pertencentes ao grupo de mesa são as mais adequadas para serem plantadas em quintais e hortas podendo ser colhidas desde os sete até os 14 meses, a partir daí a raiz se torna mais fibrosa, prejudicando o seu aproveitamento. Já a mandioca industrial não pode ser utilizada in natura devido ao ácido cianídrico, uma substância altamente tóxica que só é eliminada por meio do processo industrial.

Valor nutritivo
Além da versatilidade, a mandioca também é conhecida como um alimento de alto valor nutritivo e fonte de energia, pois cada porção de 100 gramas fornece 149 calorias; possui pequeno teor de proteína (0,8%); é rica em fibras que estimulam o funcionamento dos intestinos e podem contribuir para a redução dos níveis de colesterol no sangue.
Na raiz também são encontradas vitaminas do complexo B, indispensáveis ao sistema nervoso, à digestão e à respiração e ao metabolismo das células.

As mandiocas amarelas apresentam certo teor de caroteno que se transforma em vitamina A, importante para a formação dos tecidos corporais, proteção à visão, manutenção saudável da pele, dos cabelos e das unhas, assim como proporciona o crescimento e desenvolvimento normal do organismo e a proteção do sistema imunológico.

O betacaroteno é um pigmento antioxidante, que neutraliza os radicais livres, os quais podem lesar as células e causar doenças. A mandioca contém ainda, mesmo que em pequenas quantidades, alguns minerais como cálcio, fósforo e ferro, muito importantes na composição dos dentes, ossos e sangue, dentre outras funções.

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