Vacina contra coronavírus deve demorar, dizem pesquisadores
De tempos em tempos, a humanidade é confrontada com um novo desafio sanitário. Foi assim com a gripe espanhola, no início do século passado, e tem sido desta forma com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Pesquisadores do mundo todo trabalham para encontrar uma vacina, o que garantiria a imunidade da população e salvaria milhares de vidas.
O pesquisador Ricardo Gazzinell, líder do Grupo de Imunopatologia da Fiocruz Minas e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas (INCTV), integrante de rede de pesquisa sobre uma vacina contra o novo coranavirus, explica que “embora as atividades já estejam em andamento, o desenvolvimento de uma vacina leva tempo.” Em situações de calamidade pública como a atual, em que as decisões relacionadas a financiamento são mais céleres, é possível chegar a resultados em torno de dois a três anos. “Este é um momento importante em que a ciência vem sendo chamada e nós estamos preparados para dar a nossa contribuição”, afirma.
Na agropecuária, a busca por vacinas não é muito diferente do processo do desenvolvimento deste produto para os humanos. Os trabalhos levam também anos e precisam de investimento contínuo em ciência e tecnologia. O médico-veterinário do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Ricardo Spacagna Jordão, especialista no desenvolvimento, otimização e produção de vacinas, explica que as para uso veterinário levam 18 meses, no mínimo, de estudos e testes.
Nesse caso, as vacinas são bastante usadas na produção animal, na criação de bovinos, suínos e aves, sendo as mais conhecidas as que imunizam os animais para febre aftosa, brucelose, raiva, parvovirose, newcastle, gumboro entre outras.
A maior dificuldade, segundo o médico-veterinário do IB, está na fase de testes clínicos, realizados em humanos ou em animais de produção. “Infelizmente, a ciência ainda não encontrou como simular em computador todas as variáveis dos organismos, como o sistema imune e os hormônios, por exemplo. Por isso, a necessidade de serem testadas em laboratório e em modelos biológicos, para verificar exaustivamente sua capacidade de estimular o sistema imune e garantir sua segurança”, afirma.
Jordão explica que, apesar das semelhanças no processo de desenvolvimento e de produção, as vacinas para humanos são mais complexas e difíceis de serem desenvolvidas do que as de uso veterinário. Isso porque na formulação para os animais de produção podem ser empregadas matérias-primas que não são aprovadas para uso em humanos. “Por outro lado, para humanos possuem custo por dose mais alto do que as para animais de produção. Por isso nelas se podem usar tecnologias mais avançadas”, observa o pesquisador.
Ele observa que os estudos são permanentes. “A ciência não fica parada entre uma pandemia e outra. Precisamos sempre estar prontos para enfrentar batalhas. Por isso a necessidade de estudos para que, quando um problema desse ocorra, termos ferramentas para dar soluções rápidas”.
O veterinário ressalta que os cientistas aprendem com outras doenças o mecanismo dos vírus, como no caso do Sars-Cov-2, causador da Covid-19, que teve seus “irmãos”: Sars-Cov, transmissor da doença SARS, isolado em 2002, e o MERS-COV, isolado em 2012. Isso permite que agora se tenha dezenas de vacinas em processo de desenvolvimento e teste.”
“Durante a pandemia, os cientistas buscam entender o vírus: qual sua composição, como ele entra nas células, se replica e quais mecanismos das células ele utiliza. Tudo isso para tentar traçar estratégias de cultivo, isolamento e identificação. Definindo isso, é possível sabermos a quais produtos ele é sensível”, conclui.
Fonte: Diário de Pernambuco
Foto: Andrew Milligan / AFP
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