Pesquisadores da Unicamp iniciam teste de diagnóstico do coronavírus para auxiliar Instituto Adolfo Lutz
Uma equipe do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE) do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, em colaboração com outros docentes do IB, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do LNBio, começou na terça-feira (17) o processo de elaboração de um teste para a detecção do Covid-19. A partir da amostra do coronavírus do primeiro paciente infectado no Brasil, os pesquisadores iniciaram os procedimentos que visam dar agilidade ao diagnóstico local e, assim, contribuir para o controle da doença.
“Se tudo funcionar bem, até quarta no fim do dia pode ser que a gente tenha a primeira reação de detecção de coronavírus funcionando em Campinas. Nesse momento, o trabalho que estamos fazendo é uma assessoria para implementar a detecção do vírus localmente, aqui dentro da Unicamp, como uma alternativa de suporte aos laboratórios de referência”, explica o coordenador do LEVE, José Luiz Proença Módena.
Ele ressalta que os diagnósticos seguirão sendo realizados pelo laboratório de referência no estado de São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz. No entanto, um diagnóstico rápido e local, que deverá ser realizado pela Divisão de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, é importante para dar agilidade ao encaminhamento do paciente.
“Vai continuar indo para o Lutz, mas vai ter um fluxo paralelo para ser testado no Hospital das Clínicas, na tentativa de minimizar esse tempo, visando uma estratégia de contenção adequada dos pacientes positivos. Isso é muito importante”, observa José Luiz. No processo de controle do coronavírus na China, segundo o professor, a diminuição do número de casos passou pela rápida detecção dos casos positivos e o isolamento imediato dos sintomáticos, com acompanhamento àqueles que apresentavam agravo dos sintomas relacionados à doença. “É algo que estamos tentando mimetizar e fazer igual aqui no estado de São Paulo”, conta o professor.
Na manhã da terça-feira (17), ele e a equipe começaram os procedimentos de expansão do Covid-19. Essa etapa é realizada introduzindo o vírus em células que são suscetíveis ao crescimento do microrganismo. Quando a célula está com uma grande quantidade de vírus, ocorre uma alteração em sua forma, chamada efeito citopático, o que é esperado que ocorra em um período de 36 a 72 horas após infecção.
A partir do efeito citopático, a próxima etapa segue com a inativação do vírus e a extração do seu material genético, o RNA, para a obtenção do material que será utilizado como controle positivo. “Com esse controle positivo a gente pode padronizar a reação de detecção, que é uma reação que busca encontrar fragmentos genômicos, ou seja, resquícios genômicos do vírus nas amostras coletadas de pacientes suspeitos”. Caso se encontre os fragmentos, é possível afirmar que um paciente testou positivo para o Covid-19.
O professor lembra que os diagnósticos vêm avançando e já foram desenvolvidos até mesmo kits comerciais para detecção do coronavírus. No entanto, o alto custo torna-os pouco acessíveis. “Então quando você pensa em testar milhares de pessoas acaba sendo proibitivo. Por isso a importância de um protocolo local na tentativa de baratear os custos”. A estimativa de valor, conforme José Luiz, é entre R$50 e R$70 por teste para o HC, incluindo todo o processo, desde a extração da amostra até a realização do ensaio de detecção molecular. O valor, entretanto, pode sofrear alguma alteração, já que foi calculado antes da declaração da pandemia e antes do pico do dólar.
Após desenvolver o teste de diagnóstico, a equipe ainda pretende ir além, realizando testes de combate ao vírus. “Vamos fazer uma busca ativa de reposicionamento de fármacos, de drogas que já estão validadas para uso humano, tentando encontrar alguma que possa inibir a replicação do vírus para uso imediato naqueles pacientes com sintomatologia grave em resposta à infecção”, indica o professor.
Todos os testes realizados no LEVE com o Covid-19 são realizados em laboratório de biossegurança de nível 3, que está preparado para trabalhar com agentes de risco nível 3, como no caso do coronavírus. Há sistema de exaustão, de controle de pressão e de esterilização que não permitem a saída do vírus para o ar e que minimizam o risco de contaminação para os profissionais que manipulam o microrganismo.
Força-tarefa
Além dos pesquisadores da Unicamp, o estudo, que utiliza protocolo desenvolvido por pesquisadores do German Center for Infection Research, é multidisciplinar e envolve outras instituições, como o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Houve também a colaboração do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, que enviou a mostra do vírus ao LEVE e a outros laboratórios brasileiros que poderiam ajudar no combate ao vírus.
A equipe da Unicamp é composta por José Luiz Módena, e a equipe que trabalha no LEVE – Matheus Cavalheiro Martini; Daniel Augusto de Toledo Teixeira; Mariene Ribeiro Amorim; Stéfanie Primon Muraro; Gabriela Fabiano de Souza; Aline Vieria, Pierina Lorencine Parise, Karina Bispo do Santos; Julia Forato; Camila Simeoni; Julia Vitória. Além deles, a iniciativa conta com a participação do professor Rafael Elias Marques do LNBio; professora Clarice Weis Arns (IB); professor Fabio Trindade Maranhão Costa (IB); professora Carolina Horta Andrade (Universidade Federal de Goiás) e professora Fabiana Granja, que coordena o Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Federal de Roraima (UFRR).
Com informações de Liana Coll, da Unicamp.
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