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O site Covid-19 Brasil é uma iniciativa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto que reúne uma equipe de cientistas independentes de várias instituições brasileiras. Nele, é possível encontrar informações, estatísticas, mapas e ferramentas de pesquisa sobre os diversos aspectos da doença e da pandemia provocada por ela.

A partir do monitoramento em tempo real dos dados fornecidos por fontes oficiais sobre a propagação do vírus no país, o site oferece ferramentas de análise cientificamente embasadas de maneira a auxiliar gestores, autoridades e a população de uma maneira geral no enfrentamento da COVID-19.

A partir das análises contidas no site Covid-19 , a repórter Maria Fernanda Ziegler – da Agência FAPESP – aponta que “mais de 1,6 milhão de casos da doença causada pelo novo coronavírus no país, sendo 526 mil só no Estado de São Paulo. O número, referente ao dia 4 de maio, é 14 vezes maior que o registro oficial”. Nessa data, o Ministério da Saúde registrava 108 mil casos confirmados da doença no Brasil, sendo 32 mil só no estado de São Paulo.

Esses dados não considerados pelas estatísticas colocariam o Brasil na liderança de casos da doença, ultrapassando os 1,2 milhão de casos registrados nos Estados Unidos.

“É sabido que existe uma grande subnotificação de casos no Brasil todo, pois só estão sendo testados os casos graves, de quem vai para os hospitais. Mas de quanto é essa distorção da realidade? A motivação deste estudo é, de alguma forma, contribuir para o planejamento da epidemia, pois com essa subnotificação tremenda só estamos vendo a ponta do iceberg”, disse à revista Domingos Alves, integrante do grupo COVID-19 Brasil, formado por cientistas de mais de 10 universidades brasileiras para monitorar a epidemia por meio de técnicas de ciências de dados.

O pesquisador, que também é coordenador do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que uma estimativa mais realista do número de casos de COVID-19 permitiria que governos e população tivessem maior capacidade de planejar medidas de combate à pandemia.

“Para ter uma noção real da dimensão, o ideal seria testagem em massa. Como não temos testes disponíveis para todos, as estimativas podem servir de base para o gerenciamento de medidas de confinamento, necessidade de novos leitos e da abertura de hospitais de campanha”, diz Alves, que tem experiência em modelagem de epidemias de pneumonia.

A projeção 14 vezes maior do que o registro oficial foi obtida a partir dos dados epidemiológicos da Coreia do Sul e ajustaram fatores como pirâmide etária, porcentual de comorbidades e fatores de risco para COVID-19 na população brasileira. O ajuste contou ainda com informações sobre o número de óbitos.

Dessa forma, ressalta o pesquisador, a realidade deve ser ainda mais grave que a estimativa. “A estimativa de a epidemia ser 14 vezes mais grave que o registrado já assusta e pode fazer com que as pessoas optem por um lockdown ou cobrem mais leitos e hospitais de campanha, mas é importante ressaltar que se trata de uma estimativa para baixo que estamos fazendo nesse estudo”, diz.

Fonte: Instituto de Saúde

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