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No próximo dia 27 de junho, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) completa mais um ano de atividades. São 134 anos de efetivo trabalho de pesquisa gerando conhecimentos, tecnologias, formando recursos humanos e promovendo a inovação em prol da agricultura brasileira.

Patrimônio da Cidade de Campinas, o IAC está na gênesis da grande concentração de competência em ciência e tecnologia na região, congregando outros institutos, universidades e empresas.

A instituição participou ativamente do processo que viabilizou grandes arranjos agroindustriais ligados à citricultura, ao café, à cana-de-açúcar, soja e algodão, todos de importância indiscutível do ponto de vista do emprego e da economia no País.

O IAC suporta tecnologicamente a viticultura, a produção de hortifruti de variadas espécies, de amendoim, feijão, borracha da seringueira e outros. Suporta ainda, tecnicamente, a produção vegetal transferindo tecnologias voltadas à agricultura sustentável, novas variedades, nutrição e controle de pragas e doenças.

Atua também nas questões relacionadas à biodiversidade, às mudanças climáticas, ao planejamento territorial, uso e ocupação do solo, na conservação da água. Trata-se de uma instituição centenária, mas viva, ativa, atuante e reconhecida por tudo que já fez e faz, apesar do descaso com que é tratada pelo governo estadual.

A falta de recursos humanos, resultado da não reposição de pesquisadores científicos (o último concurso para contratação foi em 2003), tem impactado tanto o trabalho de pesquisadores quanto o de pessoal de apoio à pesquisa. O problema é evidente e preocupante, pois perde-se conhecimento não codificado e cessam alguns programas de pesquisa que estavam em andamento.

Apesar da agricultura ser um destaque, mesmo em época de pandemia esse baluarte pioneiro da pesquisa agrícola fica sob risco. Não bastassem os problemas apontados, hoje há grande revolta e preocupação no corpo de servidores do IAC. Tal indignação é fruto de informação divulgada extraoficialmente de que o prédio central do instituto, localizado na Avenida Barão de Itapura desde 1887, será transferido à Prefeitura Municipal de Campinas por ação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Para quê? O que isso promove em benefício da centenária instituição ou da agricultura? Ou esta medida seria só mais um detalhe do desmonte da estrutura governamental em curso, sem respeitar instituições que conquistaram respeitabilidade e se perenizaram por competência e efetividade.

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) está atenta a esse movimento de desestruturação do patrimônio público estadual e envidará esforços para que isso não se concretize.

João Paulo Feijão Teixeira é engenheiro agrônomo e presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC)

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