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O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) completa 133 anos de existência no dia 27 de junho de 2020. A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) presta sua homenagem aos pesquisadores e pesquisadoras que colaboraram ou colaboram para o desenvolvimento da agricultura e da segurança alimentar no Brasil.

 

IAC, PATRIMÔNIO DO POVO BRASILEIRO EM SEGURANÇA ALIMENTAR

 

A imensa maioria dos brasileiros não sabe, mas grande parte do que consome ou irá consumir em sua vida é derivada de variedades alimentares desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). São mais de 800 variedades de diversas espécies, com maior resistência a doenças e maior produtividade. O IAC é um dos grandes responsáveis, portanto, por o Brasil ter-se tornado uma potência agrícola, base fundamental de nossa segurança alimentar.

O IAC nasceu como Estação Agronômica de Campinas, em 1885, por iniciativa de lideranças como o conselheiro Antonio Prado. Era o momento histórico de substituição da mão-de-obra escrava pelos migrantes europeus. O café, principal produto de exportação brasileiro na época, demandava maior investimento e avanço tecnológico. O Instituto nasceu nesse contexto, tendo a organização pioneira do polo científico e tecnológico que seria instalado na cidade e região.

A fundação oficial aconteceu no dia 27 de junho de 1887, por decreto-lei e por ação de Rodrigo Augusto da Silva, Ministro da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Havia a determinação do governo imperial (que estava em seus últimos dias) de criação de unidades que envolvessem pesquisa e ensino agrícola.

No caso da nova instituição, prevaleceu o foco na pesquisa, principal preocupação do primeiro diretor, o químico austríaco Franz Josef Wilhelm Dafert. Ele dirigiu o IAC até 1897, justamente no período em que Campinas passou pelos horrores da epidemia de febre amarela. Apesar disso, foram notáveis os avanços na nova instituição, com a criação e estruturação de várias áreas de atuação, no terreno adquirido pelo governo no bairro Guanabara.

Superação de crises

Contribuir para a superação de crises, para a resolução de grandes desafios, tem sido, aliás, uma das marcas do Instituto Agronômico em seus mais de 130 anos de história. A crise do café que se seguiu à queda da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929, por exemplo, foi em parte enfrentada com a disseminação de campos de algodão e milho híbrido, a partir de variedades desenvolvidas no IAC. Isso aconteceu durante a longa gestão de Theodureto de Camargo na direção, de 1924 a 1942, outra época de muitos avanços na instituição em termos de produção científica.

Do mesmo modo, a doença chamada tristeza, que afetou a citricultura paulista na década de 1940, foi superada em decorrência das pesquisas com enxertos coordenadas por Sylvio Moreira. E na década de 1970, o mesmo ocorreu com a ferrugem que infestou os cafezais, vencida pelas pesquisas que já vinham sendo implementadas por Alcides Carvalho, um dos grandes nomes da história do Instituto Agronômico de Campinas.

Meio ambiente

O Instituto Agronômico também papel muito importante na questão ambiental. O pesquisador João Pedro Cardoso, ligado ao Instituto Agronômico e inspetor do 2º Distrito Agronômico de Campinas, publicou em outubro de 1902, no primeiro número da revista do Centro de Ciências, Letras e Artes, denúncia sobre destruição das florestas no Estado de São Paulo (ver aqui).

No começo da década 1960, foram produzidas 25 mil fotografias aéreas, por iniciativa do IAC, documentando a extinção das matas nativas no estado de São Paulo. O levantamento aerofotogramétrico constatou que restavam somente 13,7% da cobertura original de florestas em território paulista, o que contribuiu para uma reação da sociedade e maiores esforços de preservação.

Um dos históricos pesquisadores do IAC, Hermes Moreira de Souza, foi por sua vez responsável pelo “plantio de uma floresta”, na realidade o bosque com 3.500 espécies nativas e exóticas e 400 palmeiras na Fazenda Santa Elisa, um dos campos experimentais do Agronômico.

Transformações

O IAC chegou a ter 21 estações experimentais, em vários municípios paulistas. Suas seções têm sido responsáveis por inúmeras pesquisas e pelo desenvolvimento de técnicas agrícolas em vários campos. Em 2002 o IAC, mais o Instituto Biológico, Instituto de Economia Agrícola, Instituto de Pesca, Instituto de Tecnologia de Alimentos e Instituto de Zootecnia, passaram a integrar a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

Fonte: Eco Social Campinas

Crédito da foto: Martinho Caires

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