emilio ribas

O Instituto Adolfo Lutz confirmou nesta quinta-feira (9) o primeiro caso de “varíola dos macacos” no Brasil. O paciente, um homem de 41 anos que viajou à Espanha, segundo país com o maior número de casos da doença, foi colocado em isolamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Ele se encontra em bom estado clínico e todos os que tiveram contato com o paciente estão sendo monitorados.

O Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz, unidade rápida especializada na utilização de metodologias avançadas em biologia molecular para a elucidação de eventos em saúde pública, foi o responsável por depositar a primeira sequência do genoma completo do Monkeypox, ou “varíola dos macacos”, obtida com a utilização da metodologia de metagenômica.

A estratégia foi utilizada em virtude de não estarem disponíveis para o Brasil os controles positivos para as reações de RT-PCR visando à detecção do vírus, e a técnica foi executada em paralelo à análise para detecção do material genético da varicela, um diagnóstico diferencial para exclusão de casos da doença.
O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) estadual também investiga desde a semana passada um outro paciente, uma mulher de 26 anos, também moradora da Capital.

Nova técnica para encurtar caminhos

A confirmação oficial do primeiro caso brasileiro de “varíola dos macacos” foi feita ontem (09/06) pelo Instituto Adolfo Lutz, que conduziu a análise metagenômica em uma plataforma conhecida como Illumina, uma das tecnologias que tem sido usada para detectar o vírus Monkeypox (MPXV) nos centros europeus e norte-americanos. O sequenciamento por esse método leva em média 48 horas para ser concluído.

Vale registrar ainda que pesquisadores do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) concluíram em apenas 18 horas o sequenciamento completo do genoma do MPXV usando um sequenciador portátil conhecido como MinION e fez adaptações no protocolo para sequenciar o vírus Zika e o SARS-CoV-2, tornando-o mais rápido.

“Ninguém estava preparado para atuar no diagnóstico dessa doença, por se tratar de algo inédito. Mas assim que chegou o primeiro caso tivemos que correr contra o tempo para conseguir fechar o genoma completo, detectar o vírus e avisar o Hospital Emílio Ribas.”, disse a pesquisadora Camila Romano, uma das responsáveis pelo Laboratório de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da USP, no setor de Virologia (LIM 52).

Camila, que participou da análise genética e da montagem do genoma, destaca a rapidez com que o novo protocolo prepara a amostra para sequenciamento. A pesquisadora Ingra Morales Claro, que integrou a equipe e desenvolveu a técnica inovadora, acrescenta: “Recebemos a amostra de um paciente internado no Hospital Emílio Ribas às 16 horas de terça-feira [07/06] e às 10 horas da manhã seguinte o genoma do vírus, que tem quase 200 mil pares de bases [bem mais que as 30 mil do SARS-CoV-2], estava sequenciado e analisado. A metodologia que desenvolvemos é, em média, 45% mais rápida do que as técnicas de metagenômica convencionais. E o custo também é menor, podendo chegar a US$ 30 por amostra”, contou à Agência Fapesp.

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