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A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizou na última sexta-feira (03/05) o segundo almoço virtual da série “Mulheres e Meninas: poder e ciência na refundação do Brasil”, iniciativa que visa aproximar jovens cientistas com mulheres consolidadas no mercado acadêmico.

Com o tema Humanidades, o evento contou com a participação da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, de jovens cientistas que foram ganhadoras e menções honrosas do 4º Prêmio Carolina Bori “Ciência & Mulher”, além de mulheres representantes de sociedades científicas afiliadas à SBPC.

Estiveram presentes na sessão as pesquisadoras Silmara Dela Silva, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e presidente da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll); Suzana Libardi, professora da Universidade Federal de Alagoas e representante da Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso); Geovana Mendonça Lunardi Mendes, professora da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped); e Silvani Valentim, professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e representante da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).

Entre as jovens cientistas, participaram todas as vencedoras e menções honrosas do Prêmio Carolina Bori na categoria Humanidades, entre graduação e ensino médio. São elas: Alessandra Stefanello, graduanda de Letras na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Denise Barrozo de Paula, graduada de Psicologia na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS); Laura Gabriella Muniz da Silva, graduanda em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Vanessa Nogueira Matos, graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal de Jataí (UFJ); Gabrielly Santos Souza, estudante do Centro de Ensino Médio Elefante Branco; e Ana Beatriz Caetano Ribeiro, do Centro Paula Souza – ETEC de Campo Limpo Paulista/Unesp.

Na abertura do evento, o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, afirmou que se tratava de uma dupla comemoração: “Essa segunda jornada de homenagem às mulheres festeja, ao mesmo tempo, o Dia Internacional das Mulheres, que se comemora no dia 8 de março, e o Prêmio Carolina Bori, que na sua edição deste ano contemplou as meninas cientistas, ou seja, jovens mulheres que estão no ensino médio ou na graduação.”

Seguindo a programação, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, enfatizou a relevância do encontro e, em especial, do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, realizado pela SBPC desde 2019.

“Parabéns às meninas [premiadas], que estudaram e que estão na ciência. E parabéns à SBPC, por ter assumido durante o período [governamental] anterior a questão desse programa que para nós é tão importante, que é garantir às mulheres os espaços da construção da Ciência e da Tecnologia. É importante para que todas as mulheres e meninas se empoderem e ocupem espaços de poder, porque nós mulheres sabemos que podemos estar em todos os lugares.”

Após uma apresentação musical da cantora Claudia Sette, a diretora da SBPC, Miriam Grossi, assumiu a coordenação do evento, dando espaço para que as jovens apresentassem seus estudos premiados e, assim, recebessem considerações da comunidade acadêmica presente.

Iniciando as falas, a presidente da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll), Silmara Dela Silva, destacou a importância desse evento, que evidencia os trabalhos de jovens talentos num período em que o Brasil está retomando os investimentos em Ciência.

“Eu acho que realmente este é o momento pelo qual estamos passando, uma refundação, uma retomada das práticas científicas educacionais com valorização no nosso País. Estou muito feliz em estar nessa conversa, porque sabemos como, historicamente, as humanidades lutam pelo seu reconhecimento como prática científica. A gente se volta, especificamente, ao estudo da língua e da linguagem enquanto objeto científico, ou seja, nós tomamos como objeto de estudo algo que é constitutivo de todos os sujeitos e basilar para a prática científica de todas as áreas.”

Representante da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), a professora Silvani Valentim também reforçou a necessidade de se criar oportunidades para o engajamento das jovens mulheres com a prática científica:

“É importante reconhecer a preparação e o aprendizado, que são as trocas intergeracionais para que a ciência possa, de fato, acontecer. Projetos com meninas negras são fundamentais para as transformações sociais, como a cidadania plena que queremos neste país, sem sexismo, sem racismo e com empoderamento de meninas e mulheres que podem transformar suas vidas e a sociedade brasileira por meio da Educação e da Ciência.”

Suzana Libardi, professora da Universidade Federal de Alagoas e representante da Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso), apontou, por sua vez, como a pluralidade de perfis se faz necessária para uma Ciência mais real e inclusiva:

“Recentemente, na história da psicologia social, a gente tem o conceito de interseccionalidade sendo amplamente difundido. Através desse conceito, a gente vê mais reflexões das relações de gênero, raça e classe, complexificando ainda mais as nossas análises da sociedade. É um desafio hoje transformar esse conceito de interseccionalidade, no sentido de enegrecer as associações científicas e as políticas acadêmicas, das quais nós fazemos parte.”

Encerrando as falas do dia, a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Geovana Mendonça Lunardi Mendes, destacou o que chamou de pesquisas engajadas:

“A gente viu em todas as temáticas [apresentadas] essa articulação e essa preocupação com a realidade, com o contexto social e com uma melhoria dele, né? Com uma pesquisa que possa trazer uma melhoria, seja na compreensão analítica de um fenômeno ou na modificação dessa situação. Outro aspecto que tem relação com esse é a questão da articulação das temáticas das pesquisas com as suas trajetórias. Vocês não pesquisaram algo que não têm a ver com a sua realidade, com as quais vocês não estejam mobilizadas, e isso faz toda a diferença no processo de investigação.”

Fonte: Ciência & Mulher

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