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As doses de reforço são e devem continuar sendo importantes para o combate ao SARS-CoV-2. Essa foi uma das afirmações feitas pelo pesquisador Alan Landay, professor do Departamento de Imunologia e Doenças Emergentes da Rush University e pesquisador principal do Rush Immunology Specialty Laboratory (ISL), ambos de Chicago, nos Estados Unidos, em visita ao Instituto Butantan no dia 11 de maio. Em palestra direcionada aos alunos da Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB), o especialista mostrou como a experiência adquirida em estudos prévios sobre o HIV tem contribuído para uma melhor compreensão dos casos de infecção por Covid-19, entre outros estudos.

Publicado em janeiro de 2023 na revista Vaccines, o estudo de Alan sobre as doses de reforço apontou queda nos níveis de anticorpos capazes de agir contra a cepa original de Wuhan e as quatro subvariantes da ômicron oito meses após a segunda dose da vacina de RNA mensageiro. Entretanto, os níveis foram restabelecidos depois da aplicação de uma dose de reforço nos dois grupos de voluntários observados. Foram analisadas amostras de 155 profissionais de saúde, sendo que, desse total, 78 haviam sido previamente infectados com SARS-CoV-2 antes de receberem a primeira dose do imunizante e 77 nunca haviam contraído a doença até então.

De acordo com a pesquisa, esses achados fortalecem a importância das doses de reforço para ambos os públicos. “Temos visto muitos casos de reinfecção por Covid-19 entre toda a população”, lembrou Alan Landay ao reforçar a importância da estratégia. O pesquisador também fez questão de compartilhar com o público presente que há poucos dias tomou a sexta dose do imunizante contra o novo coronavírus.

Segundo dados do Ministério da Saúde, pouco mais de 108 milhões de doses de reforço foram aplicadas entre os brasileiros. O número representa 50% da população apta a receber o imunizante. Para efeito comparativo, quase 173 milhões de pessoas, ou 80% dos brasileiros, estão com o esquema vacinal primário completo. Agora, há também o temor de que o fim da emergência de saúde global causada pela Covid-19, decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 5 de maio, impacte negativamente o engajamento da população com a campanha de vacinação.

“A importância da imunização é crucial para todos. A habilidade que tivemos em mobilizar uma vacina contra a Covid-19 e diagnosticar o vírus ajudou a salvar centenas de milhares de vidas em escala global. Precisamos nos manter alerta e seguir conscientes sobre o que estamos fazendo, pois uma nova pandemia pode emergir a qualquer momento”, comentou o pesquisador sobre o momento atual ao Portal do Butantan.

HIV e Covid-19

Com mais de 35 anos de experiência, Alan Landay é um dos pesquisadores mais relevantes do mundo em estudos sobre o HIV. Durante sua carreira, realizou importantes descobertas, sendo um dos primeiros a descrever as chamadas células NK (ou natural killers) – linfócitos do sistema imunológico que eliminam células infectadas por vírus, bactérias ou tumores.

Ao longo de sua palestra no Butantan, o especialista abordou os esforços empenhados pela Rush University durante a pandemia de Covid-19, como a análise de diferentes marcadores que ajudam a identificar precocemente o possível desenvolvimento de casos mais graves da doença, como disfunções na microbiota intestinal, além da eficácia das vacinas de RNA mensageiro perante o surgimento de novas variantes. Em relação aos estudos de HIV, o especialista tem desenvolvido uma série de pesquisas para uma melhor compreensão do processo de envelhecimento entre a população soropositiva.

“Ações como essa são fundamentais para aumentar a participação do Butantan em projetos internacionais e aumentar a visibilidade do instituto perante a outras organizações. Internacionalizar a organização e criar oportunidades é uma maneira de melhorar a nossa ciência”, completou o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, anfitrião do evento.

Fonte: Instituto Butantan

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