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Amigos, estamos na era do conhecimento. As guerras convencionais, nas quais um estado (chamado de país) declara guerra a outro (tal qual foi a Segunda Guerra Mundial) não existe mais. Agora as guerras são econômicas, quem tem mais conhecimento (e portanto mais recursos econômicos) escraviza quem não tem. A nação desprovida de conhecimento está portanto fadada a ser escravizada.

O Japão e a Alemanha, que ficaram arrasados com a Segunda Guerra Mundial, são hoje grandes potências econômicas. À custa de quê, se são desprovidas de grandes recursos naturais? Israel é importante em tecnologia à custa de quê, se nem água doce tem na quantidade necessária? À custa do conhecimento.

O governo brasileiro se vangloria de ser um dos maiores produtores e exportadores de “commodities” agrícolas e também de minérios. Em que isso resolve nossos problemas se, embora com elevado PIB somos fartos em miséria? A simples exportação de produtos “in natura” nos mantém escravizados aos povos mais desenvolvidos, senão vejamos: exportamos café em grão para a Alemanha e ela reexporta nosso café a preços bem superiores, tornando-se um dos grandes exportadores mundiais sem plantar um só pé. Isso se dá com outros produtos agrícolas também, com outros importadores nossos. Não seria melhor produzirmos café solúvel e outros produtos com valor agregado e os exportarmos?

Ora, o melhoramento de produtos “in natura” só se dá mercê do conhecimento.

CONHECIMENTO SÓ SE OBTÉM COM EDUCAÇÃO E PESQUISA CIENTÍFICA.

Como agem nossos governantes e nossa classe política com relação a isso? ANDAM DE MARCHA A RÉ. Desprestigiamos os ensinos básico, médio e superior, nossos docentes, as universidades e os institutos de pesquisa, além das respectivas instituições de fomento.

Mas por que agem desse modo? São baldos de inteligência ou servem a interesses não convencionais? Deixo o raciocínio e a resposta a você leitor.
Decididamente estamos andando de marcha a ré e na contramão da história. O PL 529/20 é bem o exemplo disso. Por que investir contra sagradas instituições de pesquisa, praticamente destruindo-as, sob a absurda alegação de fazer economia? Dinheiro posto em pesquisa não é despesa, é investimento. Só cegos mentais não enxergam isso e, como já dito há dois mil anos, o maior cego é aquele que não quer ver.

Lamentavelmente vivemos hoje um Brasil de governantes obtusos, que aplicam uma gestão suicida. A seguirmos nesse passo estaremos fadados à eterna escravidão.

O horizonte de nossos atuais políticos (com exceções) é apenas a próxima eleição. Como educação e ciência são coisas que só dão resultado a médio ou longo prazos, isso não lhes interessa. Não temos mais estadistas, o último foi Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Dr. Percy Corrêa Vieira, pesquisador científico aposentado do Instituto Geológico de São Paulo

[Este espaço no site da APqC está aberto a todos os pesquisadores associados que queiram publicar artigos de opinião.]

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