O Instituto Butantan de São Paulo e a Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, do Rio de Janeiro, vinculada ao Ministério da Saúde, lideram os projetos de pesquisa para a produção de vacinas contra o novo coronavírus SARS-CoV-2 no Brasil. As instituições trabalham em cooperação com projetos de pesquisa de laboratórios diferentes. O Butantan, com o chinês Sinovac Biotech e, a Fiocruz, com o britânico Astra Zeneca, em conjunto com a Universidade de Oxford.

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, declarou na semana passada que a pesquisa da qual participa é “uma das mais promissoras do mundo, talvez a mais promissora de todas”. O Butantan irá realizar a terceira e última fase de testes da vacina, que prevê a vacinação de nove mil voluntários em doze centros de estudos clínicos distribuídos em São Paulo e mais cinco estados do país. O estudo cego controlado inclui a aplicação de um placebo em outro grupo de voluntários para avaliar a eficiência da vacina em relação aos não vacinados. Segundo o governador João Dória, a capacidade de produção do Butantan é de 100 milhões de doses. O primeiro lote de 60 milhões de doses, porém, será entregue pelo laboratório chinês e distribuído gratuitamente pelo SUS.

O início dos testes já foi aprovado pela Anvisa. As inscrições dos voluntários – todos profissionais de saúde – começam na próxima segunda-feira (13) e, os testes, em 20 de julho. Os participantes da avaliação clínica não podem ter sofrido infecção provocada pelo coronavirus, não devem participar de outros estudos e não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Outra restrição é que não tenham doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.

As expectativas do Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz, são semelhantes. O acordo também é considerado pelo ministério o mais promissor do mundo, e prevê a compra de 100 milhões de doses e a transferência de tecnologia entre os laboratórios britânico e a Fiocruz.

Na fase inicial do projeto, o governo federal irá investir 127 milhões de dólares, ainda sem comprovação da eficiência da vacina. Os testes clínicos, que São Paulo já está iniciando, serão realizados entre outubro e novembro próximos. Somente depois de comprovada a eficácia da vacina a Fiocruz receberá os dois primeiros lotes de 15,2 milhões de doses cada, em dezembro deste ano e janeiro de 2021.

Os profissionais de saúde e os integrantes dos grupos de risco à COVID-19 – idosos e portadores de comorbidades graves – terão prioridade de acesso à vacina, segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Correia de Medeiros. “Tendo a eficácia comprovada e garantida da vacina, assim como a segurança, iremos priorizar a população mais vulnerável a essa doença”, afirmou.

Embora não haja garantias de que a vacina será eficaz, a socióloga Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, ressalta que ela pode contribuir para o país superar outras doenças. “Assumimos um risco de natureza econômica para ter a vacina no Brasil, um compromisso financeiro, esperando que o produto seja bem sucedido, mas claro que ele pode não se provar eficaz. Há muitas pesquisas sem resposta sobre o coronavírus, e acredito que a escolha desta vacina foi muito bem pensada. Não somos o único país a tomar esta iniciativa. Outros também estão conciliando ensaios clínicos e produção de lotes sem ter certeza sobre o resultado final”, disse a presidente da Fiocruz ao jornal O Globo.

Nísia avalia que uma vacina eficaz pode ajudar o Brasil a se preparar para outras epidemias. “Teremos tecnologia para combater uma série de doenças, especialmente os vírus respiratórios. Há muitas pesquisas que estão usando um vetor viral, como a que estamos trazendo agora, para combater doenças. A própria Universidade de Oxford está recorrendo a esse método para desenvolver vacinas contra o ebola e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), declarou ela ao jornal.

Fonte: Instituto de Saúde, com informações do Portal do Governo de São Paulo

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