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A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) saúda o novo presidente do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, e parabeniza o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), na pessoa da ministra Luciana Santos, pela providencial escolha. O cientista foi nomeado ontem (17) e estará à frente do órgão responsável por financiar boa parte da pesquisa científica em território nacional.  Também manifestamos nosso apoio à indicação de Mercedes Bustamante para a Presidência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação vinculada ao Ministério da Educação, comandado pelo ministro Camilo Santana.

A presença no CNPq de um físico renomado como Ricardo Galvão – exonerado em 2019 da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) por divulgar resultados do monitoramento via satélite do desmatamento da Amazônia – e de Mercedes Bustamante na CAPES – professora Titular da Universidade de Brasília (UnB) e membro da Academia Brasileira de Ciências com vasta experiência no bioma Cerrado –, é uma lufada de bons ventos a soprar sobre a terra arrasada (talvez queimada seria mais apropriado). A partir de hoje retomamos a esperança em dias melhores para a pesquisa científica brasileira.

Não obstante, a APqC se soma à Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) em sua reivindicação pela imediata correção dos valores das bolsas de pesquisa no Brasil. Segundo estudo da entidade, 90% da ciência brasileira se deve aos estudantes de pós-graduação, embora estes sejam cada vez mais impactados pela falta de investimentos à altura das necessidades atuais e da ausência de reajuste das bolsas de estudo, que exigem dedicação exclusiva.

Há 10 anos sem correção dos valores, o benefício perdeu algo em torno de 70% do poder de compra e deixou de ser atrativo para muitos jovens cientistas, que recebem R$ 1.500,00 em nível de Mestrado e R$ 2.200,00 em nível de Doutorado. Entendemos que valorizar a carreira científica não é uma pauta corporativa, mas uma necessidade para o desenvolvimento socioeconômico do país. Dados recentes apontam que seria necessário pelo menos R$ 1,5 bilhão no orçamento para realizar uma recomposição de 68% para todos os bolsistas Capes e CNPq – o equivalente à inflação acumulada desde 2013.

Confiamos plenamente no bom senso dos novos presidentes do CNPq e CAPES, bem como na gestão dos novos ministros. Eles saberão encontrar a forma mais rápida e eficaz de reparar a defasagem histórica dos valores pagos aos pesquisadores bolsistas, proporcionando condições materiais para que continuem se dedicando exclusivamente aos estudos e contribuindo com o avanço da ciência brasileira. Estamos prontos para apoiar, mas também para cobrar. Afinal, sem pesquisador não há ciência, e sem ciência não há futuro.

 

São Paulo, 18 de janeiro de 2023

Diretoria da APqC

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