O biólogo especialista em virologia e epidemias, Átila Iamarino, participou na noite de ontem (30) do programa de entrevistas Roda Viva, da TV Cultura, para falar sobre a pandemia do coronavírus no Brasil e no mundo. Iamarino ficou conhecido após divulgar um vídeo no YouTube no qual alertava a população brasileira para a importância de se tomar medidas urgentes de isolamento social, antes que a transmissão do vírus fugisse do controle.

Baseado em estudos científicos, Iamarino afirmou que o Brasil poderia ter mais de 1 milhão de mortos, caso fossem ignorados os alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS). O biólogo chegou a ser acusado de “alarmismo”, mas dias depois suas “previsões” se mostraram acertadas e seus vídeos começaram a viralizar nas redes.

No programa de ontem, que bateu recorde de audiência na emissora, o cientista defendeu que o foco principal do combate à Covid-19 tem de ser a vida humana e não a economia. “A gente está em uma casa pegando fogo. Hoje não importa se o governo é de esquerda ou de direita. Nós precisamos evitar que vidas sejam perdidas”, disse.

Questionado sobre a estratégia do presidente Jair Bolsonaro de defender o “isolamento vertical” (que é quando somente grupos de risco ficam em quarentena), Átila disse que só no futuro algum resultado poderá ser verificado, mas que não faz sentido discutir isso no meio de uma pandemia. “O isolamento vertical nem deveria ser considerado em debate porque não tem base científica. Quando tiver base e for testado, aí sim poderemos falar a respeito”, afirmou.

Segundo o biólogo, a melhor estratégia para combater o avanço da Covid-19 é fazer testes no maior número possível de pessoas. No entanto, nas palavras de Iamarino, o Brasil está despreparado nesse sentido por causa da redução dos investimentos em Ciência e Tecnologia. “O Brasil está parado uma fase de não investir na ciência nacional. Nós temos pessoas que estão preparadas para fazer testes, mas que descobriram recentemente que tiveram suas bolsas científicas canceladas pelo governo federal”, afirmou.

Diante desse contexto, o biólogo diz que não há como saber até quando as medidas de isolamento deverão ser seguidas no Brasil e nem quando uma vacina será criada contra o coronavírus. “A gente tem que se preparar para uma economia diferente e um modelo de sociedade que as pessoas não se aglomerem tanto. O mundo que conhecemos nunca mais será o mesmo”, completou.

Assista a entrevista completa.

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