izabel

Izabel Graciana, presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Água Funda

Hoje (29/05), na Assembleia Legislativa, aconteceu a audiência com o Secretário do Meio Ambiente Marcos Penido. Na minha perspectiva e de forma sintética, o secretário fez uma apresentação com pouca profundidade, não deixando claros os objetivos da concessão e, principalmente, como a iniciativa privada vai utilizar deste espaço que é uma das últimas florestas da cidade para obter lucro. A afirmação de que tudo será feito de acordo com o plano de manejo não parece ser real, sendo que o secretário foi incapaz de responder ao questionamento da associação sobre o impacto urbano para o bairro da Água Funda, que já sofre com o descaso do poder público, por exemplo, não coibindo o descarte ilegal de lixo. Se o atrativo é o número de visitantes será a forma de a iniciativa privada obter lucro o mínimo que poderíamos esperar é um estudo de impacto urbano e de infraestrutura que não foi apresentado.

O argumento do secretário de falta de recursos para investimento por parte do poder público escancara a estratégia de utilizar do sucateamento realizado pelo próprio governo como forma de pressão. A tentativa de mostrar que a pesquisa será preservada como algo ligado ao Estado e com autonomia dos pesquisadores se chocou com sua postura inegociável quanto a mudar o projeto e não destinar para iniciativa privada o espaço público onde hoje são realizadas as pesquisas. Promessas e supostas garantias são feitas utilizando a função que o Estado teria de fiscalizar a iniciativa privada, mas que serão desfeitas no momento seguinte da concessão.

Indo direto ao ponto, tanto o projeto quanto a fala do secretário não explicam o que a concessão significa realmente para a preservação, para a pesquisa, para o entorno da Água Funda, para os trabalhadores e para a população da cidade como um todo. Tal postura do governo executivo deve ser questionada, não apenas lutando contra o Projeto de Lei na Assembleia, mas em uma campanha sustentada dialogando com toda a população. É importante ampliarmos nossa articulação e tentarmos superar as ameaças do governo. A nossa luta não acaba com a votação dos deputados. Podemos realizar ações no campo jurídico e também ações nas ruas envolvendo cada vez mais pessoas.

Temos de nos inspirar no movimento mundial de estudantes em defesa do ambiente liderados por Greta Thunberg, de apenas 16 anos. E nos inspirar também em Chico Mendes que transformou a luta dos seringueiros numa luta em defesa da Floresta Amazônica. Quero falar para vocês que o bairro da Água Funda, a pesquisa, o trabalho de cada um de vocês e todas as instituições envolvidas são muito importantes, mas nossa luta é maior. Nossa luta é em defesa do futuro! Nossa luta é em defesa de uma das últimas florestas da cidade. Por isso a presença de vocês na reunião do dia 4 de junho, às 18h, na AMAAF é muito importante – Rua Jacapé, 98, São Paulo – assim como nos ato do dia 5 de junho, às 12h, em frente ao Jardim Botânico, e no dia 9 de junho, às 10h, em frente ao Zoológico.

Izabel Graciana Mendes Ramos, presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Água Funda (AMAAF)

Compartilhar: