ANÁLISE FOLIAR NO BRASIL

analise f

por Rúter Hiroce (1,2,3)

Em 1953, o banqueiro Walter Moreira Salles, na época, embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América, fundou o IBEC Reserch Institute com a colaboração da Fundação Rockefeller de Nova York. Este instituto estava situado na Fazenda Cambuhy, no município de Matão (SP), em uma área de 360 alqueires paulistas (871,2 ha).

Os objetivos principais desse instituto foram os estudos de fertilidade do solo para formação de pastagens mais produtivas, experimentos de calagem e adubação com algodão, milho, leguminosas e capins, visando ao aproveitamento mais racional do solo, por meio da rotação de culturas. Para tais estudos, foram criados os laboratórios de análises químicas de solo e de análises químicas de folhas e de plantas.

Em julho de 1954, as atividades de análise química foliar tiveram início no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), com a instalação do Laboratório de Análise Foliar, em convênio com o IBEC Research Institute. Com os pesquisadores científicos Dr. W. L. Lott (IBEC) e Dr. José Romano Gallo (IAC) foi desenvolvido um Programa de Diagnose Foliar em Cafeeiro, de 1954 a 1959.

As atividades desta técnica, a seguir, foram adotadas pela Escola de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo, em Piracicaba (SP).

Os resultados dessas investigações serviram de base para o desenvolvimento da técnica de análise química foliar em outras culturas, como citros, cana-de-açúcar, videira, milho, batatinha, algodão, banana, tomate, soja, feijão, arroz, trigo, forrageiras, seringueira.

De 1959 a 1969, as pesquisas desse laboratório estiveram sob a responsabilidade do Dr. J. R. Gallo, estando ligado diretamente à Divisão de Biologia e, a partir de 1.°/2/1969, pelo enquadramento das atividades e do correspondente acervo na Seção de Química, passou a pertencer à Divisão de Solos, Mecânica Agrícola e Tecnologia. A partir de 1.°/7/1970, essa unidade passou a ser denominada Química Analítica, ficando subordinada à Divisão de Atividades Técnicas, Básicas e Auxiliares, com as atividades desenvolvidas ainda sob a chefia do Dr. J. R. Gallo até 14 de maio de 1979, quando transmitiu as funções dessa Seção ao Pesquisador Científico Dr. Rúter Hiroce, admitido em 1.°/8/1964.

Desde sua instalação, essa unidade tem recebido auxílio de diversas entidades financiadoras de pesquisas, como Fundação Rockefeller, Instituto Brasileiro do Café, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, Financiadora de Estudos e Projetos, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Ministério da Indústria e Comércio – Secretaria de Tecnologia Industrial e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Essa parceria possibilitou o desenvolvimento da técnica de análise química de planta e a aquisição inicial, entre 1970 e 1976, do acervo da Seção de Fitoquímica, criada em 1980, sob a chefia do Pesquisador Científico João Paulo Feijão Teixeira.

Mais de 180 artigos científicos foram publicados, em diversas revistas, versando sobre métodos de análise química e sobre a composição química inorgânica de plantas, principalmente de folhas, sendo a Seção de Química Analítica servido de modelo para a instalação de novos laboratórios similares no Estado de São Paulo e no País, contribuindo para identificar vários problemas de ordem nutricional de plantas, e consequentemente, auxiliando na sua resolução.

A unidade possui métodos adaptados para determinação de todos os nutrientes vegetais, mais alumínio, cobalto, iodo, silício e sódio (Boletim Técnico n.° 78 – Métodos de análise química de plantas), sendo feitas  análises de cerca de 10.000 amostras vegetais, totalizando aproximadamente 80.000 determinações, em 1983, para atendimento de projetos da própria seção, de outras seções da instituição, de várias instituições de pesquisa do Estado e do País e de solicitações de agropecuaristas e agroindustriais.

Para tais atividades, a Seção de Química Analítica contava até 25/4/1984, além do chefe, com dois pesquisadores científicos PhD: Dr. Ondino Cleante Bataglia, admitido em 2/1/1968 e Ângela Maria Cangiani Furlani, admitida em 2/1/1970 e mais um corpo auxiliar, entre técnicos de laboratórios, auxiliares agropecuários, escriturários e trabalhadores braçais, totalizando 15 pessoas.

Devem ser lembrados, ainda, os pesquisadores que deixaram alguma contribuição na área de diagnose foliar, durante o período em que estiveram trabalhando nessa unidade, como o Engenheiro Agrônomo Fernando Antônio Soares Coelho (dois anos), PhD Pedro Roberto Furlani (cinco anos) e Engenheiro Agrônomo M.S. Arquimedes Lavorenti (dois anos e meio).

A partir de 25/4/1984, pelo Decreto n.° 22.119, de 24/4/1984, a Seção de Química Analítica e a de Fertilidade de Solo se uniram, passando a ser denominada Seção de Fertilidade de Solos e Nutrição de Plantas, com um Setor de Análise de Solo e Plantas, sob a responsabilidade do Dr. Rúter Hiroce. O Pesquisador Científico PhD Bernardo van Raij foi indicado para chefiar a Seção de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas.

Campinas, 04 / 04 / 2023

_________________

(1) Pesquisador do IBEC, no Programa Leguminosas Forrageiras de 1962 a 1964.

(2) Pesquisador Científico aposentado do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

(3) Associado da APqC – Associação dos Pesquisadores Científicos do E.S.P.

 

 

Compartilhar: