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Dra. Alba Lavras (acervo pessoal)

Faz 93 anos hoje, 26 de outubro, a Dra. Alba Lavras, pesquisadora aposentada e ex-diretora do Instituto Butantan que teve participação decisiva na luta pelo reconhecimento e consolidação da carreira de pesquisador científico no Brasil. Ela também empresta seu nome à Medalha Alba Lavras, mais importante condecoração concedida pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) a profisisonais que se destacam por seu trabalho ou apoio à Ciência.

Outorgada anualmente, em sessão solene, a Medalha Alba Lavras não será concedida a nenhuma personalidade este ano, em virtude da pandemia. “A APqC decidiu suspender temporariamente as inscrições de candidatos e a solenidade. Quando novas datas forem estipuladas, informaremos nossos associados.”, diz Juliana Teramoto, membro da equipe de comunicação da atual diretoria.

No entanto, apesar do cancelamento da entrega da Medalha Alba Lavras, que ocorre tradicionalmente na semana do aniversário da pesquisadora, a APqC faz questão de manter a homenagem anual que presta a essa referência máxima na área da pesquisa científica. Contar a sua história é uma forma de manter vivo o seu legado e inspirar as futuras gerações.

Quem é Alba Lavras?

Alba Apparecida de Campos Lavras nasceu em Ipauçu (SP), em 26 de outubro de 1927, mas mudou-se para São Paulo em 1939, para estudar. Sua mãe, Adalgisa Cavezzale, morreu muito jovem, em 1941, deixando cinco filhos aos cuidados exclusivos do marido, Francisco de Campos. Após a perda da mãe, Alba tem de crescer antes da hora e começa a dar aulas em um curso de admissão ao ginásico, no Colégio Paulistano, onde ela própria estudava.

Em 1946 ingressa na Escola Paulista de Medicina e passa a dar aulas preparatórias para o vestibular. Dois anos depois, paralelamente à Medicina, faz um curso de Bioestatística com o prof. Adolpho Martins Penha, no Instituto Biológico.

No Instituto Butantan, onde ingressa mais tarde, dedica-se à investigação científica, apresentando os resultados obtidos em conclaves científicos, nacionais e internacionais, e publicando-os em revistas especializadas dentro e fora do País. No renomado instituto ocupa o cargo de médica (1954-1977) e de pesquisadora Científica (1977-1997). Nesses cargos, juntamente com a investigação científica, exerce funções administrativas e tem participação direta em associações, sociedades e conclaves científicos.

Ao longo de toda sua carreira, participa de inúmeras bancas examinadoras e da coordenação de concursos para seleção de estagiários e captação de recursos humanos para pesquisa e apoio à pesquisa no Instituto Butantan. Ao proferir palestras para a divulgação da ciência, sempre expressava sua convicção de que cabe a todo profissional, principalmente aos de um país subdesenvolvido (ou em desenvolvimento), não apenas fazer bem o seu trabalho e aprimorar a sua capacitação, mas principalmente lutar pela conquista de melhores condições de trabalho e formação.

A Dra. Alba Lavras foi ainda Membro da Comissão Permanente do Regime de Tempo Integral (CPRTI) e sua presidente (1976-1980). Vale lembrar, que Alba, José Reis e Bernardo Goldman foram os bravos e aguerridos “patronos” da carreira de Pesquisador Científico. Sua trajetória profissional, aliás, ficou marcada não só pela criação da carreira de Pesquisador Científico, mas também da carreira de Assistente Técnico de Pesquisa Científica e Tecnológica e da carreira de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica.

Por isso, no dia de hoje, a APqC reitera sua admiração e respeito pela história e pelo exemplo de vida da Dra. Alba Lavras, que tanto orientam nossa luta em defesa dos institutos de pesquisa e dos pesquisadores paulistas, assim como da própria ciência brasileira. Tê-la entre nós, aos 93 anos, é um privilégio e motivo de orgulho.

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