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O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) acaba de lançar na Agrishow 2023, que termina na próxima sexta (5), em Ribeirão Preto, uma nova cultivar de feijão preto – a IAC 2358 Unamax. Além dela, o público do evento também pode conhecer outras tecnologias do instituto em cana-de-açúcar, amendoim, milho, mandioca, feijão, café e batata-doce. E mais: a Unidade de Referência CEA-IAC para formação de agentes multiplicadores em Tecnologia e Segurança na Aplicação de Produtos Químicos e Biológicos também está representada na Feira.

O feijão preto IAC 2358 Unamax tem qualidade do grão desejada pela indústria, produtividade e resistência esperadas pelo produtor, além de caldo que conquista os apreciadores da maior fonte de proteína vegetal na mesa do brasileiro. Essa nova cultivar é produtiva, com potencial de até 100 sacas por hectare.

“Nesta nova cultivar, o IAC buscou desenvolver um material amplamente resistente para as principais raças de antracnose, principalmente para a região Sul do País, como Paraná e Santa Catarina, onde ocorre uma ampla diversidade de raças fisiológicas desse patógeno”, comenta Alisson Chiorato, pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

Por ter um forte sistema radicular, a IAC 2358 Unamax apresenta tolerância para as principais doenças causadas por fungos de solo. “O Fusarium oxysporum e o Fusarium solani ocorrem muito onde há pivôs antigos, que há anos cultivam feijoeiro, bem como em áreas com alta compactação de solo”, comenta o cientista do IAC, Sérgio Carbonell.

O IAC produz sementes genéticas para atender produtores licenciados de sementes, que totalizam 29 empresas atualmente.

Quer saber como é o caldo?

A IAC 2358 Unamax produz caldo de cor preto achocolatado, exatamente como a indústria empacotadora almeja para este tipo de grão. Com brilho intermediário, a nova cultivar tem tempo de cozimento normal, de 20 a 25 minutos na pressão. O teor de proteína é ao redor de 20%, o padrão de outras cultivares já registradas no mercado. Outra característica agronômica interessante é a alta fecundidade, gerando de 7 a 8 sementes por vargem. O porte semi-ereto é adequado para a colheita mecânica, prática que vem sendo adotada por quase todos os produtores de feijão.

Entenda o nome

IAC 2358 Unamax o número 23 se refere ao ano de lançamento, o número 58 indica a sequência de lançamento – esta é a 58ª cultivada lançada pelo IAC, desde 1932, quando teve início a pesquisa com feijoeiro no Instituto Agronômico.

O nome “Una” significa negro em Tupi Guarani e a sigla Max foi atribuída pelo alto potencial produtivo que a cultivar apresenta.

Depoimento de quem cultiva a IAC 2358 Unamax

André Régis Adams, representante técnico comercial da Sementes Aliança, já produziu um campo de multiplicação do IAC 2358 Unamax, em Guarapuava, Paraná. O feijão foi plantado em uma região alta e fria, em 15 de dezembro de 2022, e fechou o ciclo em 95 dias, sendo 75 destes com chuvas, nebulosidade, pouca luz e pouco calor – situação desfavorável à cultura. A lavoura fechou o ciclo numa temperatura média máxima de 25° e média mínima de 15°. Houve noites, em janeiro, com até 9°.

“O material é muito bom, com sistema radicular bem agressivo, robusto, com raízes bem desenvolvidas e nodulação bem desenvolvida que favorecem a fixação de nitrogênio. Com relação à sanidade de raiz, é um material sadio. Não observamos nenhuma doença do sistema radicular, é muito bom nesse aspecto.

A parte aérea da planta também é muito sadia e chama muito a atenção pela sanidade. Não tivemos problema com antracnose, que ocorre aqui no Sul, nem com mancha angular e crestamento bacteriano. No final do ciclo, tivemos um pouco de problema com mofo branco, mas isso ocorreu em função do excesso de chuvas e da falta de sol no período. Em fevereiro, foram 22 dias chuvosos, bem na fase que estava fazendo o enchimento de grãos. Essa chuva e a falta de luz comprometeram tanto a produtividade quanto a qualidade dos grãos. Então, apesar de duas aplicações preventivas, algumas plantas apresentaram mofo branco. Foi um problema pontual.

Em relação à produtividade, obtivemos 62 sacos por hectare, abaixo do que o material pode produzir. Ele tem potencial para produzir muito mais que isso, mas a produtividade ficou baixa em função de quatro fatores: pouca luz, excesso de água, alta população de plantas e manejo nutricional para melhorar a qualidade do enchimento de grãos. Por conta das chuvas, não foi possível aplicar alguns produtos necessários. Em resumo: o feijão IAC 2358 Unamax é um material muito bom, muito produtivo e extremamente sadio e quer terá muito mercado, principalmente pela qualidade do grão.”

Com informações do IAC / Foto: Correio Popular

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