petar

O podcast “Ambiente é o Meio” desta semana conversou com o ambientalista Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam) e membro do Observatório do Meio Ambiente do Poder Judiciário. Mestre em Gestão Ambiental, Bocuhy fala sobre a concessão de Unidades de Conservação (UCs) e, principalmente, a intenção do governo do Estado de São Paulo de privatizar o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar).

O Petar, conhecido também como o Parque das Cavernas por possuir mais de 350 cavernas, está localizado no sul do Estado de São Paulo, entre as cidades de Apiaí e Iporanga, e possui a maior porção de Mata Atlântica preservada do Brasil, correspondendo a cerca de 35 mil hectares. Considerado Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), trata-se de uma unidade de conservação “extremamente relevante” devido aos aspectos ambientais, mas também porque abriga comunidades tradicionais e quilombolas “que sobrevivem da atividade da proteção ambiental”, segundo Bocuhy. O edital de concessão do Parque foi publicado sem que a sociedade fosse ouvida e consultada.

Para o ambientalista, é uma área “que integra a sociedade e o meio ambiente”, por isso é “muito especial e deve ser protegida”. O ecoturismo é desenvolvido no Petar com o conhecimento tradicional dessas comunidades, o que dá para a área “uma característica ímpar”, com guias oriundos da região que possuem um conhecimento tradicional, proporcionando ao turista a percepção da importância da integração entre o meio ambiente e a sociedade.

Para Bocuhy, a privatização pretende afastar a sociedade da gestão do parque, algo considerado “impensável para o Petar”. O sistema de gestão participativa e integrada que as comunidades locais aplicam é respeitado nacional e internacionalmente e “não pode ser transformado desta forma”. A privatização, insiste o ambientalista, trará “sérias repercussões no futuro” para todo o Brasil. Assim, Bocuhy defende que deve ser pensado um modelo de gestão que “mantenha as condições vitais para as comunidades locais”, que já estão se mobilizando para barrar a privatização do parque estadual.

Clique aqui para ouvir a entrevista.

Fonte: Jornal USP

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