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Pesquisadores do Instituto Biológico (IB-APTA) e professor colaborador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) publicam um capítulo de livro internacional sobre a sanidade das plantas ornamentais voltado à área de virologia. O IB tem mais de três décadas de pesquisa na área e nessa publicação traz informações atualizadas sobre os vírus do gênero Potyvirus, que infectam plantas como cravo, tulipas, alstroméria e gengibre-vermelho, causando modificação na aparência das ornamentais, o que traz impacto na comercialização.

“Potyvirus infecting ornamental plants grown in the Neotropical region” é um dos 22 capítulos do livro “Virus Diseases of Ornamental Plants – Characterization, Identification, Diagnosis and Management”, o único escrito por brasileiros, lançado em dezembro de 2021, editado pela renomada Springer, e voltado, principalmente, para pesquisadores, profissionais e estudantes da área.

A obra traz importante contribuição na área de virologia de plantas ornamentais, abrangendo uma revisão e inserção de informações atuais sobre os principais vírus que ocorrem nessas plantas. Nesse capítulo, apresentamos um panorama da situação fitossanitária das regiões neotropicais e um levantamento completo da ocorrência dos vetores, áreas pouco exploradas na literatura mundial”, explica Maria Amelia Vaz Alexandre, pesquisadora do IB e autora do capítulo, ao lado de Ligia Maria Lembro Duarte, Alexandre Levi Rodrigues Chaves, também do Instituto Biológico, além de Elliot Watanabe Kitajima, professor da Esalq/USP.

O que são Potyvirus?

Os Potyvirus pertencem à família Potyviridae e são considerados o maior grupo de vírus que infectam plantas silvestres e cultivadas, incluindo uma infinidade de espécies ornamentais, como alstroméria, gengibre-vermelho, cravo, gloriosa, íris, lírio, calanchoe, narciso, palma-de-santa-rita, tulipas, entre outras.

De acordo com os pesquisadores, os sintomas induzidos pelos Potyvirus em plantas ornamentais são muito variados e podem ser mais brandos ou severos dependendo do estágio de desenvolvimento em que a planta foi infectada. As condições ambientais também influenciam na presença e abundância de vetores, representados por espécies de afídeos (pulgões) que adquirem as partículas virais em plantas infectadas durante o processo de alimentação (picadas de prova) e às transmitem para plantas sadias nos processos subsequentes de alimentação.

“De um modo geral, a infecção por potyvírus causa sintomas de manchas, desenhos e anéis cloróticos e/ou necróticos, além de mosaico verde-amarelo nas folhas. Em flores podem causar a deformação e quebra da coloração das pétalas e necrose das hastes. As alterações no desenvolvimento da planta também podem ser observadas e muitas vezes causam redução na qualidade e quantidade das flores”, explica Maria Amelia.

Como a beleza é um ponto fundamental na comercialização de plantas ornamentais, as alterações provocadas por esses vírus acabam inviabilizando a comercialização das flores no mercado nacional e internacional. “Em geral, os potyvírus não matam as plantas hospedeiras, mas causam prejuízos consideráveis, especialmente em plantas que se multiplicam vegetativamente, por estaquia, bulbos e rizomas, uma vez que os vírus se acumulam e se perpetuam nas mudas que originarão as gerações seguintes”, afirma a pesquisadora do IB.

IB tem três décadas de pesquisa na área

Os pesquisadores do Instituto Biológico desenvolvem estudos de identificação de famílias, gêneros e espécies de vírus já conhecidos, relatados ou não no Brasil, além da descrição e caracterização de novas espécies virais como a recém-descoberta “Costus stripe mosaic virus” descrita em uma espécie de planta, originária do Brasil, pertencente ao gênero Costus, muito utilizada em projetos paisagísticos e popularmente conhecida como cana-de-macaco, cana-do-brejo, cana-roxa, jacuacanga, paco-catinga, periná e ubacaiá.

“Nas pesquisas, utilizamos técnicas biológicas para determinar o modo de transmissão por inoculação mecânica, enxertia e por insetos vetores nas plantas em que o vírus foi originalmente detectado e em outras espécies de plantas chamadas de indicadoras de vírus. Além disso, usamos microscopia eletrônica para visualizar a partícula viral e possíveis alterações celulares; técnicas sorológicas (ELISA), moleculares (extração de RNA, RT-PCR, sequenciamento) e análises filogenéticas”, diz Maria Amelia.

Fonte: Assessoria de imprensa

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