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A ButanVac, nova candidata a vacina contra Covid-19 do Instituto Butantan, que será produzida inteiramente no Brasil, demonstrou alta produção de anticorpos contra o SARS-CoV-2 e contra as variantes alfa, beta e delta da Covid-19 em estudo da Icahn School of Medicine de Mount Sinai, de Nova York, nos Estados Unidos. O estudo foi publicado na semana passada na revista científica Frontiers in Immunology.

A ButanVac [NDV-HXP-S, nome internacional do imunizante] vem sendo chamada de vacina 2.0 contra a Covid-19, já que é desenvolvida a partir da inoculação de um vírus modificado que contém a proteína S do SARS-CoV-2 em ovos embrionados de galinhas – mesma tecnologia da vacina contra a influenza (gripe).

No estudo do Mont Sinai, os pesquisadores fizeram uma análise estendida de segurança e imunogenicidade da vacina administrada em duas doses, com 15 dias de intervalo entre elas, por via intranasal, intramuscular ou pelas duas vias (intranasal e intramuscular) em modelos animais.

A pesquisa mostrou que os três regimes de vacinação testados produziram grande quantidade de anticorpos contra a proteína Spike do SARS-CoV-2 do tipo selvagem e no vetor da doença de Newcastle.

Além disso, grandes quantidades de anticorpos foram induzidas contra as variantes alfa, beta e delta, classificadas como variantes de preocupação (VOC, na sigla em inglês) por serem consideradas mais contagiosas.

O estudo demonstrou ainda níveis robustos de anticorpos com atividade neutralizante contra o vírus da Covid-19 após a segunda dose. Além disso, não houve indicações de reações locais ou sistêmicas graves após a administração das duas doses do imunizante.

“O estudo expande a segurança pré-clínica e a caracterização da imunogenicidade do NDV-HXP-S e reforça as descobertas anteriores em outros modelos animais sobre sua alta imunogenicidade”, descrevem os autores do estudo.

Os testes clínicos da nova vacina estão em andamento em diferentes países, incluindo Tailândia, Vietnã, Brasil e México.

Além de ser barata e muito disseminada, especialmente em países emergentes, essa técnica é uma especialidade do Butantan: o instituto produz anualmente 80 milhões de vacinas da gripe usando ovos.

A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do novo coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves, tecnologia desenvolvida por cientistas na Icahn School of Medicine de Mount Sinai.

A proteína S estabilizada do vírus SARS-CoV-2 utilizada na vacina com tecnologia HexaPro foi desenvolvida na Universidade do Texas em Austin.

Importância da ButanVac

Apesar de existirem diferentes vacinas contra Covid-19 sendo aplicadas em muitas regiões do mundo, o número de doses disponíveis e as taxas de vacinação em países mais pobres, especialmente em grandes partes da África, Ásia e alguns países da América Latina, continuam baixas.

Além disso, populações específicas, como indivíduos imunocomprometidos ou transitoriamente imunossuprimidos, podem exigir doses adicionais de vacinas contra a Covid-19 para garantir respostas imunes robustas.

Mesmo indivíduos saudáveis de alto risco, como profissionais de saúde e idosos, podem precisar de múltiplas doses de vacina ao longo do tempo.

Todas estas questões colocam em xeque a necessidade de acesso a mais vacinas contra o coronavírus, preferencialmente as de baixo custo, como a produzida pelo vetor NDV (da Doença de NewCastle), ressaltam os pesquisadores.

“O que leva à necessidade da expansão das plataformas de vacinação existentes e o desenvolvimento de novas abordagens de vacinação que gerem respostas imunes robustas – especialmente no trato respiratório superior”, destaca o estudo.

Fonte: Instituto Butantan

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