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O agro paulista não é líder na produção de cana-de-açúcar, citros, carnes e de diversos outros produtos agropecuários por acaso. Grande parte desse sucesso se dá pela relevância estadual em ciência, tecnologia e inovação, um patrimônio do Estado de São Paulo e do Brasil construído ainda na época do Império, por D. Pedro II, com a fundação do Instituto Agronômico (IAC), em 1887. Neste mês de novembro, quando a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, celebra seus 130 anos, a história dos seis Institutos e da APTA Regional, ligadas à Pasta, é resgatada, como forma a lembrar a importância do investimento contínuo em ciência e como essa base sólida, construída há mais de um século, é importante para que o agro SP continue forte, inovador e sustentável.

O IAC foi uma das primeiras instituições de pesquisa fundadas no Brasil. Sua missão, naquela época, era o desenvolvimento de estudos para a cafeicultura, principal atividade econômica do Brasil. O IAC foi pioneiro na introdução e melhoramento genético da maioria das culturas do agronegócio brasileiro e serviu de modelo para a criação de outras instituições de pesquisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).

Entre os resultados históricos marcantes do IAC é possível destacar o desenvolvimento, em 1932, da primeira cultivar de algodão, que trouxe uma nova opção aos agricultores pós-crise do café, em 1929, o desenvolvimento de 31 clones de seringueira, que tornaram São Paulo o maior produtor de látex do Brasil, e o pioneirismo para a introdução da soja no Cerrado. Outros fatos marcantes são a viabilização do cultivo de frutas originárias de países frios em condições brasileiras, como pêssego, e no desenvolvimento de métodos de análises de solo adotados em todo o Brasil e também em diversos outros países.

Outra instituição centenária dentro da estrutura da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP é o Instituto de Zootecnia (IZ), fundado em 1905. O IZ foi pioneiro na pesquisa científica mundial com a raça Nelore e é referência no Brasil e no mundo nessa área de conhecimento. O Instituto também foi o primeiro do Brasil a realizar prova de ganho de peso de bovinos de corte, selecionar gado da raça Caracu e foi responsável pela introdução de raças europeias leiteiras especializadas no Brasil.

O Instituto Biológico, que completa 94 anos em dezembro, também tem muitas contribuições relevantes para a sanidade animal e vegetal brasileira. A criação do IB atendeu a um ideal paulista e principalmente dos produtores para a criação de um órgão que cuidasse da sanidade do café, maior riqueza do Estado na época. Com a aparecimento, em 1924, de uma terrível praga nas lavouras de café, chamada broca, um grupo de cientistas se juntou para achar uma solução. Com o sucesso do controle da broca por um inseto vindo da África e que era seu inimigo natural, foi apresentado na Assembleia Legislativa a importância do hoje conhecido como IB, referência no Brasil e no mundo em pesquisas na área de sanidade animal e vegetal.

Fundado em 1942, o Instituto de Economia Agrícola (IEA) também tem grande relevância para o sucesso do setor dos agronegócios em São Paulo. O Instituto foi pioneiro na sistematização de estudos sobre a economia agrícola no Brasil e seus levantamentos serviram de modelo para outras instituições brasileiras. Entre os feitos históricos do IEA, pode-se destacar ainda sua contribuição com a metodologia e elaboração de previsão e estimativas de safras em outros estados, pioneirismo no levantamento dos preços agrícolas diários e de terra e na elaboração de metodologia e do cálculo sobre custos de produção, além das análises dos impactos da nanotecnologia na cadeia de produção da soja. O IEA também teve papel destacado no desenho e implementação do Proálcool em meados dos anos 70 e foi responsável por formular grandes programas da SAA, como o Programa Estadual de Microbacias e o Fundo de Expansão do Agronegócios Paulista (FEAP), além do desenvolvimento de metodologia de análise da balança comercial.

Em 1963, o Estado de São Paulo inovou novamente e criou o Centro Tropical de Pesquisa e Tecnologia de Alimentos (CTPTA), que em 1969 passou a ser chamado de Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), instituição pioneira e responsável por introduzir profunda transformação no modo de produzir alimentos e no próprio conceito de segurança alimentar no Brasil. O Ital sempre buscou novas tecnologias para contribuir com a evolução das áreas de alimentos, bebidas e embalagens, encontrando soluções inovadoras para armazenar, processar e transportar produtos alimentícios, sempre com foco na segurança e qualidade dos alimentos. Além de ter se tornado referência para os setores produtivos, reduzindo custos e aumentando competitividade, o Ital eleva a confiabilidade dos alimentos industrializados perante os consumidores brasileiros.

Faltava em São Paulo e no Brasil um órgão voltado a pesquisa na área da pesca e aquicultura. Era fundado então em 1969 o Instituto de Pesca (IP), primeiro órgão de pesquisa na área de estudos de ecossistemas aquáticos e biologia de organismos marinhos e continentais, sendo a única instituição de pesquisa científica e tecnológica com esse perfil no país. Ao longo desses 52 anos, o Instituto tem sido inovador, desenvolvendo técnicas e pesquisas inéditas em todo o continente, e desbravador, realizando pesquisas em diversos ambientes aquáticos, destacando a definição de cotas de capturas internacionais de grandes migradores, como atum, desenvolvimento das tecnologias que permitiram a introdução e criação de trutas, mexilhão, dentre outros organismos.

Em 2002, foi criado o Departamento de Descentralização do Desenvolvimento, conhecido como APTA Regional, que é responsável por coordenar 11 Polos de pesquisa espalhados em São Paulo. A APTA Regional apoia a ação regional de pesquisa e desenvolvimento do Institutos ligados à APTA. Desenvolve projetos para atender à vocação agropecuária de diversas regiões paulistas e transfere conhecimento para o agro regional, contribuindo também para a qualificação dos recursos humanos.

Presente e futuro inovador

A história dessas unidades de pesquisa é extremamente rica e relevante, sendo base para o desenvolvimento do agro e também científico do Brasil. Mas as contribuições das instituições de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento não se limitam apenas a fatos antigos. Essas instituições continuam atuantes, relevantes e inovadoras.

“Temos uma história riquíssima e feitos muito importantes. Mas também temos um presente repleto de contribuições e estamos construindo as bases para continuarmos na vanguarda do conhecimento no futuro”, afirma Sergio Tutui, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), instituição responsável por coordenar os seis Institutos e 11 Polos Regionais de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP.

Estão hoje em desenvolvimento na APTA 433 projetos de pesquisa na área de agricultura, pecuária, sanidade animal e vegetal, proteção ambiental, pesca, aquicultura, processamento de alimentos e economia. Até 2022, as unidades de pesquisa ligadas à APTA devem entregar 150 soluções tecnológicas ao setor produtivo paulista e brasileiro. Só neste ano, serão entregues 50 tecnologias.

O Governo de São Paulo e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP também não pararam de investir em ciência, tecnologia e inovação no agro. Prova disso, é o investimento de R$ 52 milhões, liberados em agosto deste ano para a APTA e suas unidades.  O recurso liberado pelo Tesouro do Estado é três vezes superior ao maior investimento estadual feito até então, em 2009.

O aporte financeiro assegurará a implementação das entregas tecnológicas, além da modernização e ampliação da infraestrutura de pesquisa. Além disso, para propiciar que o agro paulista e brasileiro supere os desafios atuais e futuros, parte desse investimento está sendo aplicada na estruturação de um ambiente propício a fomentar cada vez mais a inovação, através do repasse das tecnologias desenvolvida e suporte e apoio às startups com perfil para o agronegócio.

“A ideia é criar um sistema em rede inicialmente nos ambientes de São Paulo, Campinas, Santos e Ribeirão Preto, aplicando isso para outras regiões no futuro e formando uma Rede de Inovação do Agro. Também vamos acelerar a transferência de tecnologia para os diferentes setores do agronegócio, colaborando para a geração de empregos, segurança alimentar, alimento seguro e de menor impacto ambiental”, diz Tutui.

Fonte: Assessoria de Imprensa – APTA

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