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O Instituto Butantan possui 750 mil metros quadrados de área verde, um grande espaço de natureza no meio da cidade de São Paulo. O parque é constituído por aproximadamente 62% de vegetação de mata atlântica e atua como um importante refúgio para a biodiversidade, além de desempenhar um papel fundamental na melhoria das condições de vida na cidade e da população do entorno.

Além de ser um instituto de saúde pública que trabalha a serviço de todos os brasileiros nos campos de produção de imunobiológicos, pesquisa científica e difusão cultural, o Butantan preza pela responsabilidade socioambiental, pela conservação do meio ambiente e pelo uso racional de recursos naturais.

“Quando o espaço era uma fazenda, havia uma fauna e uma flora bem diferentes de hoje, com muito gado e pouca mata. Com a chegada do instituto, houve uma grande regeneração e hoje temos uma flora importante”, ressalta o pesquisador, biólogo e diretor dos museus Biológico e Histórico do Butantan, Giuseppe Puorto. “O Butantan, dentro da cidade de São Paulo, é uma ilha de vegetação. É um remanescente de fauna e flora que tem uma contribuição muito grande para a parte ambiental. Tentamos mostrar, por meio das nossas ações educativas, a importância disso para a cidade e para a população”, diz.

Hoje, o Butantan é o lar de animais como lagartos, serpentes, escorpiões que não apresentam perigo aos humanos, vários tipos de aranhas, saguis e gambás. Também há abundância de aves, inclusive as migratórias, que dão vida ao ambiente.

Como dicas para os futuros visitantes do Butantan (neste momento o parque está fechado devido à pandemia), o biólogo recomenda: “respeite a flora e os animais, veja sempre com os olhos. Se quiser perceber a vegetação com o tato, sinta a textura, mas não arranque e não leve mudas para casa. O respeito começa com pequenas atitudes.” O conceito de Saúde Única, que agrega ambiente, fauna e a parte humana, mostra que, se há um desequilíbrio ambiental, o reflexo imediato acontece na fauna. E, muitas vezes, o impacto nos animais chega às pessoas.

Cerrado em meio à mata atlântica

O Instituto Butantan preserva um dos poucos remanescentes de cerrado do município de São Paulo. De acordo com dados da organização Rede Cerrado, originalmente, o bioma cobria 33% da área do estado de São Paulo. Já no início do século 20, 18,2% do território era coberto pelo cerrado. Cem anos depois, resta menos de 1% deste tipo de vegetação.

Na floresta do Butantan, existe uma área em que é possível notar algumas espécies características do bioma de cerrado, em contraste à vegetação predominante da mata atlântica. Apesar de ser uma área pequena, ela é muito valiosa por ser rara no município de São Paulo. “Aqui no Butantan, fazemos de tudo para protegê-la”, conta o analista de meio ambiente e gestor ambiental Renan da Costa. “Se pensarmos em termos de conservação de espécies, temos a responsabilidade de manter esse espaço para que a fauna característica do cerrado possa habitar a área”, complementa.

Manejo preventivo

A área de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente do Instituto Butantan (SMA) tem entre suas funções o planejamento de manejos preventivos e compensatórios. O primeiro está relacionado à saúde das plantas, como podas e até mesmo retiradas quando uma árvore apresenta risco de queda, podendo prejudicar pessoas ou a infraestrutura do parque ou da parte industrial. Neste caso, é feita a reposição da planta ou árvore removida.

 

Manejo compensatório

Este tipo de intervenção é feito em função de novas construções e edificações do Butantan, visando o crescimento da instituição e o aumento de sua contribuição para a saúde pública. “O manejo compensa os cortes necessários para viabilizar o crescimento do instituto nos eixos estratégicos, cultural, pesquisa e produção”, explica Renan. No Butantan, a compensação pode chegar a até quatro exemplares plantados para um retirado, conforme as regras estabelecidas pelo Termo de Compromisso Ambiental (TCA).

“Nós tentamos fazer o plantio compensatório sempre próximo à área de impacto. Estamos pensando no Butantan daqui a 20 anos”, afirma o analista de meio ambiente. O plano diretor do instituto faz estudos prévios sobre o melhor local para cada edificação. Em conjunto com a área de SMA, é feito um esforço para minimizar o impacto em árvores.

Algumas compensações são feitas antes mesmo do início das obras. Em outros casos, quando há oportunidade, é realizado o transplante de árvores, sem necessidade de corte. Além disso, quando acontece uma remoção, faz-se o maior reaproveitamento possível de material orgânico, como a trituração de troncos e galhos para a composteira. As árvores cortadas também são usadas em paisagismo, passagens e acessos a jardins, e aconchego para orquídeas, por exemplo.

 

Enriquecimento ambiental

Segundo Renan da Costa, as matas do parque contêm algumas espécies exóticas invasoras, que podem causar degradação no local em que estão inseridas, propagando-se de maneira agressiva e diminuindo as oportunidades para as espécies nativas se desenvolverem. É o caso, por exemplo, da palmeira australiana, que se alastra de maneira rápida. Assim, muitos dos plantios são feitos na forma de enriquecimento florestal, incorporando à mata já existente espécies nativas da mata atlântica.

“O enriquecimento ambiental é muito oportuno por causa das espécies invasoras. Estamos trazendo de volta espécies nativas e dando condições para que elas possam se desenvolver mesmo com a invasão de algumas espécies”. Um exemplo é o maciço de palmeira juçara, espécie emblemática e ameaçada de extinção, que tem grande importância para a alimentação da fauna aqui presente, e que foi plantada no Horto Oswaldo Cruz, no parque do Butantan.

Fonte: Instituto Butantan

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