Instituto Adolfo Lutz: Variante delta da Covid-19 já chega a 23% dos casos na Grande SP
A variante delta da Covid-19 já corresponde a 23% dos casos na Grande São Paulo, segundo o Instituto Adolfo Lutz. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere uma taxa de crescimento maior da circulação da variante delta do que outras cepas circulantes na Índia, sugerindo um potencial de maior transmissibilidade desta variante da Covid-19.
Só a capital paulista confirmou mais 28 novos casos da delta – com isso, o total agora é de 50 casos. Eles estão em investigação por Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O laboratório do Instituto Butantan é o responsável pelo sequenciamento genético da variante.
Já no sistema do Butantan, que possui mais de 2,4 milhões de sequências genéticas de contaminados pela doença até 20 de julho, 9% das amostras realizadas com pessoas infectadas com Covid-19 na cidade de São Paulo foram confirmadas com a variante delta da doença.
A delta já possui transmissão comunitária na cidade de São Paulo, ou seja, o contágio ocorre entre pessoas sem histórico de viagem e sem que seja possível definir a origem da transmissão. No Rio de Janeiro, mais de 45% dos novos casos envolvem a variante.
A Secretaria Municipal da Saúde da capital aponta que o número de casos com a delta deve aumentar nas próximas semanas.
“Nós já temos a transmissão comunitária, ontem [na terça-feira, 3] inclusive, durante a coletiva, nós mostramos o que foi o avanço da delta em outros países. Em menos de 20 dias ela ocupou a prevalência em cima da cepa anterior. Aqui em São Paulo e no Brasil, a cepa da delta entrou há pouco mais de 20 dias, 25 dias, então a tendência é sem dúvida ela ser o vírus prevalente nas próximas semanas“, afirma o secretário da Saúde, Edson Aparecido.
“Vamos continuar alertando as pessoas que a pandemia não passou, mesmo com o avanço da vacinação em São Paulo, onde mais de 85% das pessoas com mais de 18 anos já receberam uma dose, não é momento de baixar a guarda”, assinala ele.
Avanço na reabertura
O governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (4) que, a partir de 17 de agosto, eventos sociais, museus e feiras corporativas, com controle de público, estarão liberados no estado, desde que não gerem aglomerações e que sigam os protocolos de saúde e higiene. Nessa data, cairá a restrição de horário e de público.
Não houve detalhamento sobre qual tipo de evento social estará liberado.
“O grande salto do dia 17 de agosto é a retirada da restrição de horário, porque isso vai permitir que restaurantes funcionem, que eventos sociais sejam planejados, que as pessoas possam celebrar, que os donos desses tipos de estabelecimentos possam ter planejamento de seus negócios, mas com segurança”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
Shows com público em pé, torcidas e pistas de danças continuam proibidos até 1º de novembro, quando 90% dos adultos devem ter sido completamente vacinados. Nesta data, segundo o governo, todos os eventos estarão liberados no estado.
“Os eventos passam a ser permitidos em um modelo onde não há restrição de ocupação , mas permanece a restrição de distanciamento. Então, o cálculo de ocupação precisa ser realizado, porque não pode haver aglomeração, e as pessoas precisam estar distanciadas. O uso de máscaras permanece”, disse Patrícia Ellen.
“Todos os eventos que geram aglomerações não estão liberados, ou mesmo risco de aglomerações”, completou a secretária.
Os protocolos estabelecidos pelo governo paulista para o funcionamento desses eventos são:
- Uso obrigatório de máscara em qualquer ambiente;
- Distanciamento de 1 metro e veto de aglomerações de qualquer natureza;
- Respeito aos protocolos de higiene;
- 100% da população adulta com acesso à 1ª dose da vacina.
Jamal Suleiman, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, destacou em entrevista à TV Globo a importância de manter o distanciamento mesmo em locais como restaurantes e bares. “Em restaurantes, bares, não tem como você comer de mascara, né? Mas você pode intercalar o uso da máscara, enquanto você não estiver comendo, você pode estar de máscara. Não é preciso aglomerar nesses lugares, dá para você ficar num distanciamento.”
E emendou: “Se você tem dúvida, não vá. A forma mais segura de você, principalmente você que não recebeu as duas doses do imunizante, a forma mais segura de não se expor é não indo, então se você pode esperar, não precisa ir porque foi autorizado a flexibilização. Você pode e deve continuar mantendo esses cuidados”.
A microbiologista Natalia Pasternak destacou, em entrevista à TV Globo, que há ainda um caminho a perseguir mesmo com o avanço da cobertura vacinal. “A nossa vacinação está caminhando bem, mas ainda tem um longo caminho para perseguir. E durante esse caminho é preciso observar também as medidas preventivas. Tudo é necessário para que junto com a vacinação se consiga mitigar a pandemia.”
Avanço de casos na capital
O número de casos de Covid-19 teve um leve aumento na última semana na cidade de São Paulo e acendeu um alerta para as autoridades de saúde sobre um possível efeito da circulação da variante delta do coronavírus.
As mortes e internações continuam em queda, mas os novos casos foram de 9.688 confirmados na semana de 25 a 31 de julho, contra 9.512 casos na semana anterior, de 18 a 24 de julho, o que a prefeitura considera estabilidade.
Segundo o secretário Edson Aparecido, este leve aumento no número de casos notificados na última semana epidemiológica pode ser reflexo da variante delta ou da maior circulação de outros vírus respiratórios durante a frente fria.
O avanço da variante delta pelo mundo já provocou o endurecimento das restrições sanitárias em diversos países. No estado de São Paulo, no entanto, foram anunciadas novas flexibilizações das regras nesta quarta-feira (4).
Segundo documentos dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a variante Delta do coronavírus é tão contagiosa quanto a catapora, e provavelmente provoca sintomas mais sérios do que as variantes anteriores.