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A contribuição do Instituto Agronômico (IAC) ao desenvolvimento tecnológico de alimentos que qualificam o dia a dia na mesa do brasileiro completou 134 anos neste domingo, 27 de junho. Mesmo com o processo de desmonte que ameaça as pesquisas de uma forma geral no País, o IAC segue sua saga com novas tecnologias para serem entregues aos setores de produção da agricultura nacional.

Dentre as dezenas de novidades estão duas cultivares de feijão carioca e duas de crotalária, que é uma simples flor que melhora a qualidade do solo e auxilia no plantio da safra de soja, dentre outras cultivares. O IAC desenvolveu também dois porta-enxertos de citros e garantiu a certificação do sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB) de cana-de-açúcar, totalmente desenvolvido pelo IAC, importantíssimo para a indústria de açúcar, álcool e etanol.
Outra inovação será a assinatura de um termo entre a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e a Prefeitura de Campinas para elaboração de um plano de trabalho que terá o objetivo de implantar no IAC um ambiente de inovação e apoio a startups. O termo será assinado em uma live comemorativa na segunda-feira, dia 28, às 14h, no site https://www.youtube.com/user/agriculturasp , evento aberto à participação de todos os interessados.
Atuação moderna

Marcos Guimarães de Andrade Landell, diretor-geral do IAC, recém empossado no dia 2 de junho passado, destacou que o instituto é pioneiro na introdução e melhoramento genético da maioria das culturas agrícolas. Neste segmento, sua liderança é mantida por atuação moderna e integrada com redes nacionais e internacionais de pesquisa e em parceria com os agricultores de várias regiões brasileiras.

Segundo Landell, a experiência e a credibilidade do IAC são centenárias e integram a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), incorporando novas ferramentas à sua programação científica; desenvolvendo e transferindo pacotes tecnológicos.

As ações envolvem, além do melhoramento genético convencional, genomas e prospecção de genes, transformação genética por sistema de transgenia, cisgenia e, mais recentemente, por edição de genomas; técnicas de alta tecnologia. “Ciência requer estratégia a longo prazo e execução diária em consonância com as oportunidades atuais e preparação para os desafios futuros. Por isso são fundamentais a interação com os setores de produção e o conhecimento de suas demandas e realidades”, afirmou Landell.

Para o pesquisador e gestor, a bagagem científica presente no IAC capacita suas equipes na elaboração de projetos de modo a criar bases para a sustentação da agricultura para as próximas décadas. “A tecnologia disponibilizada atualmente aos agricultores e indústrias foi desenvolvida há vinte anos; não se gera tecnologias agrícolas de um ano para outro porque dependemos, dentre outros fatores, do ciclo de vida das plantas”, comentou.
Landell destacou a importância da pesquisa centenária aliada ao uso de alta tecnologia. “Apesar do avanço trazido pela biotecnologia, por exemplo, que acelera processos antes mais lentos, ainda são necessários anos e até décadas, como no caso do café, da seringueira e mesmo da cana-de-açúcar, para se chegar à conclusão de experimentos”, exemplificou. Vale destacar que as atividades de pesquisa do IAC são conduzidas em parceria com os setores de produção, atendendo às demandas da indústria, que se ligam às exigências dos mercados e dos consumidores, e às necessidades e peculiaridades dos agricultores dos diversos segmentos e regiões do Brasil.

Novos feijões

O IAC apresentou duas cultivares novas do feijão carioca, que engloba 79% do mercado de feijão no Brasil e foi desenvolvido pelo IAC na década de 1960. Atualmente, o feijão carioca está na 51ª cultivar. Essa continuidade no melhoramento genético do feijoeiro contribui de forma preponderante para o alto nível tecnológico da cultura.
Com vistas ao melhoramento genético, Alisson Fernando Chiorato e Sérgio Augusto Morais Carbonell, pesquisadores do IAC, trabalharam materiais presentes no Banco de Germoplasma do instituto. Uma das novidades resultantes foi a cultivar de feijão IAC 1849 Polaco, desenvolvida para atender às demandas da cadeia de produção do feijão e oferecer um produto de alta qualidade, com tolerância ao escurecimento do grão e baixo tempo de cozimento, além de ciclo precoce na lavoura. Essas características são as mais desejadas nesse segmento e agregam valor ao produto final.

A precocidade desta cultivar tem impacto na produção e na produtividade da lavoura. A produtividade média é de 2,4 mil quilos por hectare e a IAC 1849 Polaco pode atingir até 4,5 mil quilos por hectare. O ciclo mais curto reduz custos no manejo das plantas. “Por exemplo, tem-se a redução de defensivos agrícolas. O mesmo ganho ocorre por gerar menos irrigações e energia até finalizar seu ciclo de 75 dias, quando comparado a uma cultivar de ciclo normal de 90 dias”, detalhou Carbonell.

Ainda no aspecto agronômico, a IAC 1849 Polaco é estável em produção de grãos e tolerante às principais doenças do feijoeiro, o que possibilita um manejo integrado com os diversos sistemas de produção de grãos. É recomendada para o cultivo na época das águas, da seca e de inverno no Estado de São Paulo, nas safras das águas e seca nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

A outra cultivar de feijão carioca foi a IAC 2051, que cozinha em cerca de 30 minutos e seu teor de proteína é de 20%. Para a cadeia de produção oferece elevado potencial produtivo, tolerância ao escurecimento dos grãos. Com ciclo médio de 90 dias, apresentou a maior produtividade de grãos, chegando a 4,3 mil quilos, por hectare. A cultivar IAC 2051 é recomendada para o cultivo na época das águas, da seca e de inverno no estado de São Paulo, sendo recomendada também para a época das águas e da seca nos estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

Fonte: Correio Popular / Foto: Diogo Zacarias

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