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A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) alertou ontem que o prédio sede do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), na Avenida Barão de Itapura, na região central da cidade, poderá ser transferido à Prefeitura Municipal por ação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A informação causou grande revolta e preocupação no corpo de servidores do IAC, que alegam ser uma transferência catastrófica para a ciência e a continuidade de várias pesquisas na área da agricultura e abastecimento.
João Paulo Feijão Teixeira, engenheiro agrônomo e presidente da APqC, disse que houve uma reunião no mês passado entre integrantes do Governo Estadual para discutir a possibilidade da transferência do prédio sede do IAC e que o assunto voltou a ser comentado recentemente pelo prefeito Dário Saadi com o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira.
A medida está na fase de conversação. “Não houve confirmação alguma, mas o assunto ainda está em pauta em reuniões internas no Estado e no município”, comentou. “Uma audiência do prefeito com o diretor do IAC também está marcada para tratar do assunto”, acrescentou. Teixeira destacou que o prédio sede é um patrimônio cultural e histórico da cidade e que abriga trabalhos importantes para a continuidade das pesquisas. “O imóvel reúne uma biblioteca de rica importância; abriga laboratórios de pesquisa e um auditório para cursos e seminários; além de sediar a administração, a comunicação e a diretoria do IAC”, comentou.
Extinção
Segundo Teixeira, os pesquisadores estão preocupados também com a prática da atual gestão estadual, que demonstrou interesse em fazer uma reforma geral na área da pesquisa e da ciência, agindo com uma visão de “enxugamento da máquina”. “Em outubro do ano passado, o governo aprovou a lei 17.293, que levou à extinção o Instituto Florestal, o Instituto de Botânica e o Instituto Geológico”, comentou.
Outra questão apontada é a falta de concursos públicos para compor o quadro de funcionários do IAC. “Pesquisas importantes poderão ser paralisadas por falta de pesquisadores e profissionais. Muitos já se aposentaram e outros estão próximos de aposentar. Como não há contratação de pessoal, as pesquisas vão cessar. Do jeito que está, haverá uma redução de 45% dos trabalhadores em 2025 no IAC”, explicou.
O último concurso para contratação foi em 2003. “A falta de recursos humanos, resultado da não reposição de pesquisadores científicos, tem impactado tanto o trabalho de pesquisadores quanto o de pessoal de apoio à pesquisa. O problema é evidente e preocupante, pois se perde conhecimento não codificado e cessam alguns programas de pesquisa que estavam em andamento”, comentou Teixeira. “Apesar de a agricultura ser um destaque, mesmo em época de pandemia esse baluarte pioneiro da pesquisa agrícola fica sob risco de ser extinto”, finalizou.

Fonte: Correio Popular

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